PT realiza eleição para presidência nacional em julho

Foto: Partido dos Trabalhadores
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A eleição para a presidência nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) será realizada no dia 6 de julho, com segundo turno previsto para o dia 20, caso necessário. Pela primeira vez em 12 anos, o partido voltará a adotar eleições diretas para suas instâncias, encerrando o ciclo de votações híbridas que elegeu Gleisi Hoffmann em 2017 e 2019. A atual ministra da Secretaria de Relações Institucionais deixou o cargo em março, sendo sucedida interinamente pelo senador Humberto Costa (PE).

A disputa promete ser a mais acirrada da história da sigla. Cinco candidatos, representando diferentes correntes internas, estão na corrida para liderar o partido nos próximos anos: Edinho Silva, Washington Quaquá, Rui Falcão, Romênio Pereira e Valter Pomar. A previsão é que ocorram ao menos dez debates entre os postulantes até a votação.

Os candidatos

Edinho Silva é o nome apoiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ex-prefeito de Araraquara (SP) e ex-ministro da Comunicação Social no governo Dilma Rousseff, Edinho representa a corrente Construindo um Novo Brasil (CNB). Apesar do apoio de Lula, enfrenta resistência dentro da própria corrente, que vive um racha interno. Em sua campanha, defende fortalecer o trabalho de base do PT e preparar o partido para o “pós-Lula”, enfatizando temas como transição energética, mudanças climáticas e precarização do trabalho.

Washington Quaquá, prefeito de Maricá (RJ) e vice-presidente nacional do PT, também integra a CNB, mas se apresenta como dissidente. Quaquá propõe que o PT estreite alianças com o centro político e setores da burguesia nacional para garantir a governabilidade. Ele critica a candidatura de Edinho, afirmando que o ex-prefeito não representa um PT popular, e defende que a sigla recupere sua presença nas periferias, abandonando discursos que, segundo ele, afastaram o partido das bases.

Rui Falcão, ex-presidente do PT (2011-2017) e atual deputado federal, busca retomar o trabalho de base e propõe uma reorganização estrutural do partido. Rui, que conta com apoio da corrente Novo Rumo, defende a autonomia crítica do PT em relação ao governo federal e aposta na criação de núcleos populares para ampliar a presença da legenda no cotidiano da população. Para ele, o partido precisa voltar a mobilizar a sociedade para pressionar avanços.

Romênio Pereira, um dos fundadores do PT e atual secretário de Relações Internacionais do partido, é o representante da corrente Movimento PT. Romênio propõe fortalecer a atuação em pequenos e médios municípios, ampliar o diálogo com comunidades religiosas e priorizar a defesa da reeleição de Lula. Ele também se compromete a reestruturar a distribuição do fundo eleitoral, buscando beneficiar os setoriais e deputados estaduais.

Valter Pomar, historiador e dirigente nacional, representa a corrente Articulação de Esquerda. Defensor do socialismo e da reconstrução da militância popular, Pomar é crítico às alianças do governo com a direita e propõe uma guinada à esquerda. Para ele, o PT precisa retomar as lutas históricas por reforma agrária, soberania nacional e direitos trabalhistas, reforçando sua presença organizada nas bases da sociedade.

Cenário de alta tensão

A eleição para a presidência do PT ocorre em meio a fortes tensões internas. A gestão da tesouraria do partido, responsável pelos fundos eleitoral e partidário, tornou-se um dos focos de disputa, aumentando a temperatura do pleito. Além disso, o futuro do partido após Lula, tema central nas campanhas, revela visões divergentes sobre o caminho a seguir: enquanto uns defendem alianças amplas, outros propõem o fortalecimento de uma identidade política mais à esquerda.

Com a expectativa de uma eleição disputada voto a voto e intensa mobilização de correntes internas, o resultado da escolha presidencial poderá moldar o futuro do PT e sua atuação no cenário político nacional nos próximos anos.