
Polícia Civil do Distrito Federal se destaca com laboratórios avançados, métodos inovadores e perícias precisas na elucidação de crimes e identificação de vítimas
A investigação criminal, amplamente retratada em filmes e séries, é uma realidade sofisticada no Distrito Federal. Fora das telas, esse trabalho é conduzido com excelência pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), considerada referência nacional em tecnologia forense, apuração investigativa e, principalmente, na resolução de homicídios.
A engrenagem dessa eficiência está no Departamento de Polícia Técnica, órgão subordinado à Direção-Geral da PCDF, que abriga quatro institutos: o Instituto de Criminalística (IC), o Instituto de Identificação (II), o Instituto de Medicina Legal (IML) e o Instituto de Pesquisa e DNA Forense (IPDNA). Esses núcleos são responsáveis pela emissão de laudos a partir da análise de vestígios coletados em cenas de crime.
O Instituto de Identificação, por exemplo, tem como missão principal a identificação humana por meio de metodologia científica. Realiza perícias papiloscópicas, necropapiloscópicas, faciais e prosopográficas, utilizando equipamentos de última geração. “O DF tem a maior estrutura e tecnologia do Brasil. Isso nos permite auxiliar outros estados com laudos precisos, ajudando na identificação de criminosos e, assim, na redução da criminalidade”, afirma Marco Antonio Paulino, diretor da Divisão de Exames Laboratoriais.
Laboratórios de alta precisão
Entre os principais laboratórios está o LEPAF, responsável por exames de comparação facial. Utilizando câmeras de segurança e imagens digitais, os papiloscopistas analisam rostos com base em softwares avançados, gerando hipóteses sobre a identidade dos envolvidos em crimes — uma ferramenta essencial, especialmente quando não há digitais disponíveis. Em 2023, foram produzidos 610 laudos, com mais de 750 perícias faciais realizadas.
Já o LENCP/Lence atua na necropapiloscopia, técnica usada para identificar cadáveres em estado avançado de decomposição, carbonização ou mumificação. O setor, que desenvolveu muitos de seus próprios protocolos, atingiu uma taxa de identificação de 99% em 2023, com 1.775 laudos emitidos, auxiliando famílias e fortalecendo investigações — inclusive em tragédias como Brumadinho.
No LEP, dedicado à papiloscopia, são analisados vestígios em objetos de cena de crime. Com equipamentos como a maior Câmara de Cianoacrilato da América Latina, a unidade consegue revelar impressões digitais em veículos inteiros, como ocorreu no caso Marinésio, em 2019. Além disso, o laboratório conta com a câmara VMD (Deposição de Metal à Vácuo) e o sistema multiespectral DCS-5, que permitem revelações em superfícies difíceis, como caixas pretas de papelão.
Todos os vestígios coletados seguem para análise no sistema ABIS — um dos mais avançados do mundo na comparação de impressões digitais. Com inteligência artificial e detalhamento microscópico, o sistema cruza dados com o banco nacional, permitindo que peritos identifiquem suspeitos com precisão cirúrgica.
Números que impressionam
Em 2023, o LEP periciou mais de 20 mil objetos, com 805 laudos positivos. Em 2024, o ritmo segue intenso: cerca de 7,5 mil casos de análise de digitais chegam ao setor por mês, além de 1,1 mil perícias realizadas em locais de crime mensalmente. Em média, são emitidos 180 laudos por mês que alimentam investigações e processos judiciais.
Com tecnologia de ponta, conhecimento técnico especializado e atuação integrada entre institutos, a Polícia Civil do Distrito Federal mostra que o trabalho de bastidores na resolução de crimes é tão complexo e fascinante quanto aquele visto nas telas — e, sobretudo, decisivo para garantir justiça e segurança à população.