Copom decide hoje nova alta da Selic; mercado espera taxa de 14,25% ao ano

Inflação persistente e incertezas econômicas pressionam Banco Central a manter aperto monetário

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decide, nesta quarta-feira (19), o novo patamar da taxa Selic, em meio à pressão do aumento dos preços dos alimentos e da energia. Esta será a quinta alta consecutiva dos juros básicos e a segunda reunião sob a liderança do novo presidente do BC, Gabriel Galípolo.

Segundo projeções do Boletim Focus, relatório semanal divulgado pelo Banco Central com previsões do mercado financeiro, a Selic deve subir 1 ponto percentual, passando de 13,25% para 14,25% ao ano. No último comunicado, em janeiro, o Copom já havia indicado que manteria esse ritmo de elevação.

Alta dos juros e impacto na economia

A Selic é o principal instrumento do Banco Central para controlar a inflação, pois influencia diretamente o custo do crédito e a capacidade de consumo das famílias. Quando a taxa sobe, o crédito fica mais caro, freando a demanda e ajudando a conter a alta dos preços. No entanto, o aperto monetário também desacelera o crescimento econômico, tornando financiamentos e investimentos mais custosos.

Nos últimos meses, o BC justificou a alta dos juros pelo cenário de incerteza externa e pelos impactos do pacote fiscal do governo, aprovado no final de 2024. Além disso, o risco de inflação elevada nos próximos meses fortalece a necessidade de um controle mais rígido da política monetária.

O ciclo atual de aumentos começou em setembro de 2024, após um período de estabilidade da taxa em 10,5% ao ano entre junho e agosto. Desde então, houve sucessivas elevações: 0,25 ponto percentual em setembro, 0,5 ponto em outubro e dois aumentos de 1 ponto percentual nas reuniões seguintes.

Inflação acima da meta

O cenário inflacionário segue preocupante. De acordo com o último Boletim Focus, a estimativa de inflação para 2025 subiu de 5,6% para 5,66%, ultrapassando o teto da meta contínua, que é de 3% ao ano, com um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Isso significa que a inflação pode chegar a 4,5% sem que o Banco Central precise justificar formalmente o descumprimento da meta.

No último Relatório de Inflação, divulgado em dezembro, o BC manteve a projeção de que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) termine 2025 em 4,5%. A previsão pode ser revisada no próximo relatório, previsto para o final de março.

Funcionamento do Copom e o impacto da Selic

O Copom se reúne a cada 45 dias para definir a taxa de juros. O primeiro dia do encontro é dedicado à análise do cenário econômico global e nacional, enquanto, no segundo dia, os membros do comitê votam e definem a nova taxa.

A Selic influencia diretamente os títulos públicos negociados pelo Tesouro Nacional, além de servir como referência para empréstimos, financiamentos e aplicações financeiras. Bancos e instituições financeiras utilizam a taxa como base, mas consideram outros fatores, como risco de inadimplência e despesas operacionais, ao definir os juros cobrados dos consumidores.

Caso a Selic continue em alta, o cenário pode se tornar desafiador para empresas e consumidores, pois o crédito ficará mais caro, reduzindo o consumo e os investimentos. No entanto, caso a inflação permaneça elevada, novos aumentos podem ser necessários para evitar uma desancoragem das expectativas de preços.

A decisão do Copom será anunciada hoje, ao fim do dia, e poderá impactar diretamente o mercado financeiro e as projeções econômicas para os próximos meses.