Milton Nascimento é Homenageado em Documentário que Celebra Sua Trajetória

© Rogério Rezende/Divulgação

 

“Milton Bituca Nascimento” revela os bastidores da última turnê do músico e a admiração de artistas de diferentes gerações e nacionalidades.

Sentado na primeira fileira do cinema, Milton Nascimento assiste aos depoimentos na tela com um sorriso e um olhar emocionado. Mesmo aos 82 anos, com uma história longa de sucesso, é difícil ficar impassível ao ouvir tantos artistas nacionais e internacionais falando dele com admiração e respeito.

O documentário Milton Bituca Nascimento estreia dia 20 de março nos cinemas brasileiros, mas já passou por eventos de pré-estreia em Belo Horizonte e São Paulo. Na noite de segunda-feira (17), foi a vez do Rio de Janeiro. Com quase duas horas de duração, o filme registra os bastidores da turnê de despedida do músico em 2022 e o reencontro com fãs de diferentes partes do mundo.

“Meu sentimento em relação ao filme é de muita felicidade, principalmente quando penso nos tantos amigos preciosos que a vida me deu e que estão ali presentes. Sou grato por todo o carinho e amor que recebo de tanta gente. Durante toda a minha trajetória, fui guiado pelas amizades e pela música, e isso é o que realmente importa na minha vida”, disse Milton Nascimento, emocionado.

Mais de 40 personalidades, tanto nacionais quanto internacionais, dão depoimentos sobre a importância de Milton para a música e cultura. Entre os artistas mais experientes estão Gilberto Gil, Djavan, Chico Buarque, João Bosco e Ivan Lins, ao lado de nomes da nova geração, como Maria Gadu e Tim Bernardes, que ajudam a medir a influência atemporal do cantor. Além disso, sua voz e talento conquistaram grandes nomes do jazz norte-americano, como Wayne Shorter, Stanley Clarke e Herbie Hancock, e do folk rock, como Paul Simon. A admiração de figuras internacionais como o cineasta Spike Lee e o cantor Fito Páez também é destacada.

Narrado pela atriz Fernanda Montenegro, o documentário também toca em questões importantes da vida de Milton, como as dificuldades enfrentadas por conta do racismo. O filme revela desde os episódios de discriminação vividos na infância, em Minas Gerais, até o respeito que intelectuais e músicos negros, como a filósofa Djamila Ribeiro e os cantores Mano Brown, Criolo e Djonga, têm por Milton.

Além de sua carreira, o filme também aborda com sensibilidade o estado de saúde mais fragilizado do cantor, que luta contra o diabetes e, recentemente, foi diagnosticado com Parkinson, conforme revelou seu filho, Augusto Nascimento.

Segundo a diretora Flavia Moraes, foram dois anos de gravação para capturar a essência do artista. O documentário tem o apoio da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativa do Estado de São Paulo, do Ministério da Cultura, através da Lei Paulo Gustavo, e da Ancine. “Eu tive muita preocupação em não fazer um documentário chapa branca, em que todo mundo falasse bem. Mas que ele tenha muitos elogios, é inevitável. Obviamente existem muitas homenagens, porque ele está se despedindo dos palcos”, disse Flavia, destacando que o filme não é uma biografia cronológica, mas uma celebração da trajetória e da grandeza de Milton Nascimento.

Milton Bituca Nascimento chega aos cinemas no próximo dia 20, para uma nova geração de fãs e para os que acompanham a carreira de um dos maiores ícones da música brasileira.