Pesquisa revela desafios e diferenças entre adolescentes meninos e meninas

Foto: André Amendoeira/SEEDF

 

Estudo aponta como gênero influencia percepções sobre escola, amizades e saúde mental

Uma nova pesquisa do Pew Research Center, publicada na última quinta-feira (13), traz um panorama sobre os desafios enfrentados por adolescentes de 13 a 17 anos e revela diferenças marcantes entre meninos e meninas. Embora ambos relatem preocupações semelhantes, como pressão escolar e saúde mental, suas experiências e necessidades de apoio variam.

O estudo, conduzido entre setembro e outubro com 1.391 adolescentes, mostra que meninas sentem mais pressão para se encaixar socialmente e cuidar da aparência, enquanto meninos relatam maior cobrança para serem fortes e bons em esportes. Apesar dessas diferenças, os adolescentes, independentemente do gênero, demonstram grande preocupação com o futuro. “Eles levam a sério o trabalho escolar que estão fazendo agora e já pensam em suas carreiras”, explica a psicóloga Lisa Damour, autora do livro A Vida Emocional dos Adolescentes.

Pressão acadêmica e disparidade no ensino

Tanto meninos quanto meninas afirmaram sentir pressão para tirar boas notas. No entanto, há uma percepção geral de que as meninas têm desempenho acadêmico superior e são favorecidas por professores, o que reflete tendências já observadas em estudos anteriores.

Especialistas apontam que o sistema educacional pode estar estruturado de maneira que favoreça características mais comuns entre as meninas, como maior autocontrole e menor impulsividade. A educadora Michelle Icard sugere que o ensino deveria ser ampliado para incluir métodos que beneficiem diferentes perfis de aprendizado, como atividades práticas e ensino mais dinâmico.

Amizades e suporte emocional

Os dados também mostram que a maioria dos adolescentes tem pelo menos um amigo próximo para contar. No entanto, há uma diferença de gênero significativa: enquanto 95% das meninas disseram ter alguém para desabafar, esse número cai para 85% entre os meninos.

Para a psicóloga Lisa Damour, esse dado reflete uma construção social que desencoraja meninos a expressarem vulnerabilidade. “Precisamos abandonar a ideia de que os meninos não criam laços profundos e entender que, ao socializá-los para reprimir emoções, estamos negando a eles o suporte social que merecem”, afirma.

Saúde mental: diferentes manifestações de sofrimento

A pesquisa também identificou que meninos e meninas expressam sofrimento emocional de maneiras distintas. Ambos relataram que meninas são mais propensas a desenvolver ansiedade e depressão, enquanto os meninos tendem a lidar com o sofrimento de maneira mais externa, por meio de comportamentos impulsivos, abuso de substâncias e envolvimento em brigas.

“Quando as meninas estão em angústia, elas costumam se fechar e desenvolver ansiedade. Já os meninos são mais propensos a agir de maneira impulsiva, o que muitas vezes é interpretado apenas como um problema comportamental, sem que o sofrimento emocional seja devidamente reconhecido”, explica Damour.

Para os especialistas, é essencial que pais e educadores compreendam essas diferenças e garantam que todos os adolescentes recebam o apoio necessário, seja para enfrentar a pressão acadêmica, fortalecer laços de amizade ou lidar com questões emocionais.