Incontinência urinária afeta milhões de brasileiros, mas tem tratamento

Foto de Giorgio Trovato na Unsplash

Sociedade Brasileira de Urologia alerta para os impactos da condição e incentiva a busca por cuidados médicos

A incontinência urinária, frequentemente associada ao envelhecimento, pode impactar a qualidade de vida e levar ao isolamento social, principalmente entre mulheres e idosos. No entanto, a condição tem tratamento e não deve ser vista como algo natural do avanço da idade. O alerta é da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), que promove a campanha Saia do Molhado, em razão do Dia Mundial da Incontinência Urinária, celebrado nesta sexta-feira (14).

Um levantamento da entidade, com base em dados do Ministério da Saúde, revelou que, de 2020 a 2024, foram realizados 29,3 mil procedimentos cirúrgicos para tratar a perda involuntária de urina. O número, porém, é considerado baixo pelos especialistas, já que cerca de 45% das mulheres e 15% dos homens acima dos 40 anos apresentam a condição.

A SBU alerta que os escapes de urina podem ocorrer durante esforços simples, como rir, tossir ou carregar peso, e até mesmo pela vontade súbita de urinar – muitas vezes impedindo que a pessoa chegue ao banheiro a tempo. O desconforto leva muitos a recorrerem ao uso de fraldas e absorventes, além de evitarem atividades sociais.

Campanha incentiva busca por tratamento

Durante o mês de março, a campanha Saia do Molhado busca conscientizar a população sobre a incontinência urinária, incentivando a procura por tratamento. A iniciativa inclui posts, lives e vídeos nas redes sociais, além de mutirões de exames e cirurgias em diversos estados.

Segundo a SBU, há diferentes tipos de incontinência urinária, classificados da seguinte forma:

  • Incontinência urinária por esforço: ocorre ao tossir, rir, espirrar, se exercitar ou carregar peso. Corresponde a 40% a 70% dos casos em mulheres.
  • Incontinência urinária de urgência: caracterizada pela vontade súbita e incontrolável de urinar. Também conhecida como bexiga hiperativa.
  • Incontinência mista: combinação dos dois tipos anteriores.

Fatores de risco e prevenção

Diversos fatores podem aumentar o risco da incontinência urinária, como:

Envelhecimento
Histórico familiar
Gestação e parto
Obesidade e sobrepeso
Diabetes e doenças neurológicas (Parkinson, esclerose múltipla)
Tabagismo e cirurgias pélvicas ou prostáticas

Entre os idosos, a perda de urina está relacionada ao enfraquecimento dos músculos pélvicos, à redução da capacidade da bexiga e ao crescimento da próstata nos homens. O controle da condição pode ser feito com hábitos saudáveis, como exercícios físicos, controle de peso e alimentação equilibrada.

Nos homens, o acompanhamento regular da saúde da próstata ajuda a prevenir complicações, enquanto nas mulheres grávidas, exercícios específicos para o assoalho pélvico podem reduzir o risco da disfunção no pós-parto.

Opções de tratamento

A incontinência urinária pode ser controlada com diferentes abordagens, dependendo do caso. Entre os tratamentos disponíveis, estão:

Mudanças comportamentais (controle da ingestão de líquidos, evitar cafeína, não fumar, tratar constipação)
Uso de medicamentos
Exercícios para fortalecimento do assoalho pélvico (fisioterapia pélvica)
Estimulação elétrica dos músculos pélvicos
Toxina botulínica na bexiga (para bexiga hiperativa)
Cirurgias para implante de sling ou esfíncter artificial

Uma nova tecnologia para tratar a bexiga hiperativa já é utilizada em outros países e deve chegar ao Brasil em 2026. O método consiste na implantação de um dispositivo no nervo tibial, próximo ao tornozelo, que estimula a bexiga e ajuda a controlar os escapes involuntários de urina.

A SBU reforça que a incontinência não deve ser um tabu e que buscar ajuda especializada pode melhorar significativamente a qualidade de vida dos pacientes.