Sintomas da menopausa podem estar ligados a maior risco de demência, aponta estudo

Foto de Gregory Pappas na Unsplash

Um estudo publicado na revista PLOS One na última quarta-feira (5) sugere que a menopausa pode estar associada ao declínio da função cerebral e ao aumento do risco de demência com o envelhecimento. A pesquisa reforça evidências crescentes de que essa fase da vida da mulher pode influenciar a saúde do cérebro a longo prazo.

Os cientistas descobriram que quanto mais sintomas da menopausa uma mulher apresenta, maior a probabilidade de desenvolver sinais de declínio cognitivo e problemas neuropsiquiátricos com o passar dos anos. Os dados foram obtidos por meio de testes que avaliaram diferentes aspectos da função cerebral.

Menopausa e demência: um alerta para a saúde feminina

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o número de pessoas vivendo com Alzheimer e outras demências pode chegar a 152 milhões até 2050. As mulheres têm três vezes mais chances de desenvolver a doença em comparação aos homens, embora os motivos exatos para essa diferença ainda não sejam totalmente compreendidos.

A líder do estudo, Anna Corbett, professora da Universidade de Exeter, no Reino Unido, destacou a importância de identificar fatores de risco precoces para a demência.

“Mudanças na função cognitiva fazem parte do envelhecimento normal e geralmente não são motivo de preocupação. No entanto, sabemos que a doença de Alzheimer começa muito antes do diagnóstico, e identificar os primeiros fatores que influenciam sua progressão é crucial para oferecer o melhor tratamento e suporte. Este estudo sugere que a menopausa pode ser um período-chave para avaliar o risco de demência”, afirmou Corbett.

Apesar disso, os pesquisadores alertam que o risco de demência é multifatorial e envolve diversos aspectos.

“Ainda é difícil determinar o impacto exato dos sintomas da menopausa no risco de demência. Mais pesquisas são necessárias antes que possamos afirmar com certeza que a gravidade da menopausa deve ser considerada um fator de risco importante. O que sabemos é que a melhor maneira de reduzir esse risco é manter-se fisicamente ativo, controlar o peso e gerenciar outras condições médicas”, explicam os autores do estudo.

Como o estudo foi realizado?

A pesquisa analisou 896 mulheres na pós-menopausa e utilizou a Escala de Cognição Cotidiana (ECog-II) para medir a função cognitiva das participantes. Essa ferramenta avalia mudanças em áreas como memória, linguagem, habilidades visuais-espaciais, planejamento e organização.

Além disso, os pesquisadores aplicaram a Lista de Verificação de Comprometimento Comportamental Leve (MBI-C) para identificar sintomas neuropsiquiátricos, como alterações emocionais e comportamentais.

Os resultados revelaram que mulheres com mais sintomas da menopausa apresentaram pior desempenho cognitivo e mais sinais de distúrbios neuropsiquiátricos ao longo da vida. Já a terapia de reposição hormonal (TRH), frequentemente utilizada para amenizar os sintomas da menopausa, foi associada a uma redução dos sintomas neuropsiquiátricos, embora não tenha demonstrado impacto significativo na função cognitiva.

O que isso significa para as mulheres?

Embora os achados ainda exijam mais investigação, o estudo levanta questões importantes sobre a relação entre menopausa e saúde cerebral. A pesquisa reforça a necessidade de monitoramento da saúde cognitiva das mulheres durante e após a menopausa, além da adoção de hábitos saudáveis para reduzir os riscos de demência no futuro.