“Ainda Estou Aqui” já é um vencedor antes do Oscar, dizem estudiosos

© Alile Dara Onawale/Sony Pictures

Filme de Walter Salles tem grande impacto nacional e internacional ao abordar a ditadura militar no Brasil e fortalece o cinema brasileiro

Independente do resultado no Oscar, neste domingo (2), o filme “Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles, já pode ser considerado um grande vencedor. A obra, que trata das marcas deixadas pela ditadura militar no Brasil (1964-1985), despertou forte repercussão no país e no exterior, além de emocionar o público ao relembrar um período sombrio da história nacional.

Baseado no livro autobiográfico de Marcelo Rubens Paiva, lançado em 2015, o longa chegou aos cinemas em 2024 e atraiu mais de cinco milhões de espectadores. A expectativa pela premiação é alta, pois, caso vença, será a primeira estatueta do Oscar para o Brasil. O país já teve um filme vencedor em 1960, quando “Orfeu Negro” levou o prêmio de Melhor Filme Estrangeiro, mas a produção foi inscrita pela França.

Reconhecimento internacional

Até o momento, “Ainda Estou Aqui” já acumula 38 prêmios em festivais ao redor do mundo, incluindo o Prêmio Goya e o Globo de Ouro de Melhor Atriz. No Oscar, concorre em três categorias: Melhor Filme, Melhor Atriz (Fernando Torres) e Melhor Filme Internacional.

Para o professor Arthur Autran, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), que pesquisa cinema e audiovisual na América Latina, a repercussão do filme vai além da premiação.

“O filme se tornou, de fato, uma espécie de evento. Muitas pessoas se interessaram pelo cinema brasileiro”, explica o pesquisador.

História real e impacto social

O longa retrata a história de Rubens Paiva, ex-deputado perseguido e morto por agentes da ditadura, e sua esposa, a advogada Eunice Paiva, que lutou pela verdade sobre o desaparecimento do marido. A narrativa emociona ao mostrar a dor de uma família destroçada pelo regime autoritário e dialoga com os desafios da democracia nos dias atuais.

Além do reconhecimento crítico e acadêmico, o filme tem impulsionado debates sobre memória, justiça e direitos humanos, reafirmando a importância do cinema como ferramenta para a reflexão histórica e social.