
Censo 2022 aponta avanço na escolarização de crianças e adolescentes, mas universalização do ensino ainda é um desafio
O percentual de crianças de até 3 anos matriculadas na educação infantil no Brasil chegou a 33,9% em 2022, segundo dados do Censo Demográfico daquele ano. O número representa um avanço significativo em relação ao Censo 2000, quando apenas 9,4% das crianças dessa faixa etária frequentavam creches ou pré-escolas – um crescimento de 3,6 vezes ao longo das últimas duas décadas.
Apesar da evolução, o país ainda não atingiu a meta estabelecida pelo Plano Nacional de Educação (PNE), que prevê a inclusão de pelo menos 50% das crianças de até 3 anos na educação infantil até 2025. Até agora, apenas 646 municípios atingiram esse objetivo.
A desigualdade regional também é evidente. Enquanto Sudeste (41,5%) e Sul (41%) estão acima da média nacional, as regiões Centro-Oeste (29%) e Nordeste (28,7%) registram índices menores. O Norte aparece na última posição, com apenas 16,6%, menos da metade da média do país.
Crianças mais velhas têm maior taxa de escolarização
Entre as crianças de 4 a 5 anos, a frequência escolar também aumentou: era 51,4% em 2000, subiu para 80,1% em 2010 e atingiu 86,7% em 2022. Ainda assim, o Brasil não conseguiu universalizar o ensino nessa faixa etária até 2016, como previa o PNE.
Dessa vez, a desigualdade entre regiões foi menor. O Nordeste (89,7%) lidera, seguido pelo Sudeste (88,9%), Sul (86,7%) e Centro-Oeste (80,5%). O Norte, embora continue atrás, apresentou uma taxa próxima à média nacional: 76,2%.
Para crianças e adolescentes de 6 a 17 anos, os números mostram que a escolarização está cada vez mais consolidada:
- 6 a 14 anos: taxa de matrícula passou de 93,1% em 2000 para 98,3% em 2022.
- 15 a 17 anos: crescimento de 77,4% para 85,3% no mesmo período.
Educação de jovens e adultos tem queda
Se o acesso à educação infantil e ao ensino fundamental teve avanços, o mesmo não aconteceu com a faixa etária de 18 a 24 anos. O percentual de jovens nessa idade frequentando instituições de ensino caiu de 31,3% em 2000 para 27,7% em 2022.
No entanto, segundo a pesquisadora do IBGE, Juliana Queiroz, essa redução reflete uma mudança no perfil dos estudantes. No início dos anos 2000, a maioria dos jovens de 18 a 24 anos ainda estava cursando o ensino médio (44,3%) ou o ensino fundamental (32,1%), enquanto apenas 23,6% estavam no ensino superior.
Agora, a situação se inverteu: 56,4% dos jovens nessa faixa etária estão no ensino superior, enquanto 35,8% permanecem no ensino médio e 7,8% ainda cursam o ensino fundamental.
Os dados indicam avanços na educação básica e maior acesso ao ensino superior, mas evidenciam que a universalização da educação infantil e a permanência de jovens na escola ainda são desafios a serem superados.