General afirma que minuta golpista foi despachada com Bolsonaro

 

Declaração foi registrada em áudio obtido pela Polícia Federal; investigação resultou na denúncia de 34 pessoas

Um áudio divulgado pela Polícia Federal (PF) no domingo (23) revela que o general da reserva Mario Fernandes confirmou a existência da chamada minuta do golpe e afirmou que o documento foi despachado com o então presidente Jair Bolsonaro (PL) enquanto ele ainda ocupava o Palácio do Planalto.

A gravação foi extraída de celulares e computadores apreendidos no curso da investigação que levou à denúncia de 34 pessoas por atos contra o Estado Democrático de Direito. O caso foi encaminhado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao Supremo Tribunal Federal (STF).

No áudio, enviado em 7 de dezembro de 2022 ao também general Luiz Eduardo Ramos, que foi ministro da Secretaria-Geral da Presidência no governo Bolsonaro, Fernandes declara:

“Kid Preto, falei com o Renato. O decreto é real, foi despachado ontem com o presidente. É, [risos], movimento, eu tô de olho aqui. Se for o caso, eu aciono o senhor para voltar. Eu nem vou. Eu aciono o senhor para voltar. Força!”

Segundo o relatório da PF, a mensagem foi enviada no mesmo dia em que Bolsonaro se reuniu com os comandantes do Exército e da Marinha, além do ministro da Defesa, para apresentar a minuta de decreto.

Quem é Mario Fernandes

O general da reserva Mario Fernandes foi chefe substituto da Secretaria-Geral da Presidência durante o governo Bolsonaro. Até março de 2024, atuava como assessor do deputado federal Eduardo Pazuello (PL-RJ).

Fernandes está preso desde novembro do ano passado, acusado de envolvimento em um suposto plano para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do STF Alexandre de Moraes.

A Polícia Federal indiciou o militar por participação na trama golpista, e a PGR apresentou denúncia contra ele no Supremo Tribunal Federal.