Novo modelo abandona a marca “SE” e custa US$ 599, gerando dúvidas sobre sua competitividade no mercado
A Apple surpreendeu com o lançamento do iPhone 16e, anunciado como seu novo modelo acessível. O aparelho será lançado em 28 de fevereiro e marca a primeira vez em quase uma década que a empresa se afasta da nomenclatura “SE”. Além disso, o preço do dispositivo, de US$ 599 (cerca de R$ 3,5 mil), representa um aumento considerável em relação ao último iPhone SE, que custava US$ 429 (cerca de R$ 2,5 mil).
A novidade faz parte da estratégia da Apple para manter a relevância do iPhone, um produto fundamental para sua receita. No último trimestre fiscal, o smartphone gerou US$ 69,1 bilhões (cerca de R$ 395 bilhões) dos US$ 124,3 bilhões (cerca de R$ 715 bilhões) de faturamento da empresa.
Preço elevado pode limitar vendas
Apesar da proposta de ser um iPhone mais acessível, o preço do 16e levanta dúvidas sobre sua competitividade, especialmente diante da forte concorrência de modelos Android mais baratos. Os dados da Consumer Intelligence Research Partners indicam que o iPhone SE teve apenas 5% das vendas de iPhones nos EUA no último trimestre de 2024, e globalmente, esse número caiu para 1%, segundo a Counterpoint Research.
Com um valor superior ao esperado, a Apple arrisca afastar parte do público que busca um modelo econômico. No entanto, alguns analistas acreditam que o iPhone 16e pode ter mais sucesso do que o SE, devido à sua tela maior de 6,1 polegadas, o mesmo tamanho do iPhone 16, contra 4,7 polegadas do SE.
“A Apple está abrindo mão dos modelos compactos e reconhecendo que os consumidores preferem telas maiores, mesmo que isso signifique abandonar a faixa de preço dos US$ 400”, explicou Gerrit Schneemann, analista da Counterpoint Research.
Semelhança com o iPhone XR e foco em IA
O iPhone 16e está sendo comparado ao iPhone XR, lançado em 2018 como uma alternativa mais acessível aos modelos premium da época. Assim como o XR, o novo modelo foca no desempenho, bateria e tamanho de tela, enquanto reduz custos ao limitar as capacidades da câmera.
Além disso, o 16e pode desempenhar um papel importante na expansão da Apple Intelligence, o novo ecossistema de inteligência artificial da empresa. Com um preço menor que os modelos premium, ele permitirá que mais usuários tenham acesso às ferramentas de IA da Apple, o que é essencial para competir com Google, Microsoft e Samsung, que também estão investindo pesado nesse setor.
“A Apple precisa atrair mais consumidores para sua estratégia de inteligência artificial. O iPhone 16e pode ser uma peça-chave nesse plano”, avaliou Daniel Newman, CEO da The Futurum Group.
Risco de impacto nas vendas do iPhone 16
Outro ponto de preocupação para a Apple é o efeito do iPhone 16e sobre seus modelos premium. Com um preço de US$ 599, ele pode atrair compradores que, de outra forma, investiriam em um iPhone 16 mais caro, afetando as margens de lucro da empresa.
O analista Wamsi Mohan, do Bank of America, destacou que a Apple precisa equilibrar a proposta do iPhone 16e: “Eles devem oferecer um dispositivo que justifique o preço de US$ 600 para os consumidores, mas sem torná-lo tão atraente a ponto de canibalizar as vendas dos modelos mais caros”.
Apple mira o mercado chinês e usuários de Android
Além de tentar conquistar consumidores que normalmente optariam por modelos usados ou Androids baratos, o iPhone 16e pode ser uma resposta à crescente concorrência no mercado chinês, onde Huawei e Xiaomi ganham força.
A Apple aposta que um modelo acessível, com suporte a sua tecnologia de IA, pode ajudar a atrair novos clientes e fortalecer seu ecossistema de serviços digitais, que se torna cada vez mais importante para seus lucros.
O sucesso do iPhone 16e ainda é incerto, mas seu desempenho pode indicar o futuro dos modelos econômicos da Apple. Se for bem-sucedido, pode definir um novo padrão para os smartphones acessíveis da empresa nos próximos anos.
