Desigualdade racial e de gênero persiste no mercado de trabalho, aponta IBGE

Fotos: Matheus H. Souza/Agência Brasília

Pesquisa revela maior desemprego e informalidade entre pretos e pardos, além de salários inferiores aos dos brancos

O mercado de trabalho brasileiro segue marcado por desigualdades raciais e de gênero, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada nesta sexta-feira (14) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O levantamento aponta que pessoas pretas e pardas enfrentam maiores taxas de desemprego, trabalham mais na informalidade e recebem salários menores do que os brancos.

No quarto trimestre de 2024, a taxa de desemprego entre brancos foi de 4,9%, abaixo da média nacional de 6,2%. No entanto, o índice entre pretos (7,5%) e pardos (7%) ficou acima da média do país, reforçando a desigualdade estrutural do mercado de trabalho.

Informalidade e desigualdade salarial

A pesquisa também evidencia que a taxa de informalidade – que inclui trabalhadores sem carteira assinada e sem benefícios como 13º salário e contribuição para a Previdência – atinge pretos e pardos em maior proporção. Enquanto a média nacional foi de 38,6%, a informalidade chegou a 41,9% entre pretos e 43,5% entre pardos. Já entre os brancos, o índice foi de 32,6%, bem abaixo da média nacional.

Essa diferença também se reflete nos rendimentos. O salário médio nacional no último trimestre de 2024 foi de R$ 3.215, mas enquanto os brancos receberam, em média, R$ 4.153, os pretos ganharam R$ 2.403 e os pardos, R$ 2.485.

“A desigualdade racial no mercado de trabalho não é algo pontual deste trimestre, mas uma característica estrutural”, explica Adriana Beringuy, coordenadora da pesquisa do IBGE.

Mulheres também enfrentam desvantagens

A desigualdade de gênero também é evidente nos dados divulgados pelo IBGE. A taxa de desemprego entre homens foi de 5,1%, enquanto mulheres enfrentaram um índice de 7,6%.

Além disso, a diferença salarial entre gêneros persiste: homens receberam, em média, R$ 3.540 no último trimestre de 2024, enquanto mulheres tiveram um rendimento médio de R$ 2.783.

Os dados reforçam a necessidade de políticas públicas voltadas à redução das desigualdades no mercado de trabalho, garantindo oportunidades mais equitativas para diferentes grupos da população.