Lula defende autorização do Ibama para pesquisa de petróleo na Foz do Amazonas

© Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

Presidente cobra liberação para exploração pela Petrobras e critica demora do órgão ambiental

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta quarta-feira (12), que o Ibama precisa autorizar a Petrobras a perfurar poços na Bacia da Foz do Amazonas, localizada na Margem Equatorial, no litoral do Amapá. A região é considerada promissora para a descoberta de petróleo, mas enfrenta resistência de ambientalistas devido aos possíveis impactos ambientais.

“Não é que vou mandar explorar, eu quero que ele seja explorado. Agora, antes de explorar, temos que pesquisar, temos que ver se tem petróleo, a quantidade de petróleo, porque muitas vezes você cava um buraco de 2 mil metros de profundidade e não encontra o que imaginava”, disse Lula em entrevista à Rádio Diário FM, de Macapá (AP).

O presidente criticou a demora na liberação da licença e afirmou que espera uma solução em breve. “Talvez na semana que vem ou nesta semana haja uma reunião com a Casa Civil, com o Ibama e precisamos autorizar que a Petrobras faça a pesquisa. O que não dá é pra ficar nesse lenga-lenga, o Ibama é um órgão do governo parecendo que é um órgão contra o governo”, declarou.

Impasses ambientais e investimentos da Petrobras

A licença para perfuração na Foz do Amazonas foi negada pelo Ibama em maio de 2023, sob justificativa de que o Plano de Proteção à Fauna apresentado pela Petrobras tinha inconsistências técnicas que poderiam comprometer a segurança da operação.

Lula defendeu a Petrobras como uma empresa responsável, com experiência em exploração em águas profundas. “Vamos cumprir todos os ritos necessários para que não cause nenhum estrago na natureza, mas a gente não pode saber que tem uma riqueza embaixo de nós e não explorar, até porque dessa riqueza é que vamos ter dinheiro para construir a transição energética”, afirmou.

O Plano Estratégico da Petrobras para 2024-2028 prevê um investimento de US$ 3,1 bilhões e a perfuração de 16 poços em toda a Margem Equatorial, que se estende do Amapá ao Rio Grande do Norte. No entanto, até o momento, o Ibama só autorizou perfuração na Bacia Potiguar, na costa do Rio Grande do Norte.

Em outubro de 2023, o Ibama solicitou novos esclarecimentos à Petrobras sobre o licenciamento na Foz do Amazonas. Apesar de avanços no Plano de Proteção à Fauna, o órgão ambiental considerou necessário um maior detalhamento, incluindo a presença de veterinários nas embarcações e a disponibilidade de helicópteros para atendimento a emergências.

Histórico da exploração na Margem Equatorial

Desde a década de 1980, a Margem Equatorial brasileira tem sido objeto de estudos para a descoberta de novas reservas de petróleo. Segundo a Petrobras, cerca de 700 poços já foram perfurados na região, a maior parte antes da criação da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Muitos desses poços foram abandonados devido a problemas mecânicos.

O interesse na exploração da região aumentou após a descoberta de grandes volumes de petróleo na Bacia Guiana-Suriname, em 2015, onde as reservas chegaram a 11 bilhões de barris de petróleo. Esse avanço despertou o interesse de investidores e ampliou as expectativas para a Margem Equatorial brasileira.

Agora, o impasse entre governo, Petrobras e Ibama continua, com a decisão final sobre a liberação da pesquisa na Foz do Amazonas ainda pendente.