
Unidades transferidas para a prefeitura receberam repasse de R$ 150 milhões e terão fiscalização federal para garantir qualidade do atendimento
O Ministério da Saúde definiu metas de qualidade e atendimento para os hospitais federais do Rio de Janeiro que passaram por mudança de gestão. A afirmação foi feita pela ministra Nísia Trindade nesta sexta-feira (7), durante visita ao Hospital Federal do Andaraí, na zona norte da cidade.
As unidades do Andaraí e Cardoso Fontes, em Jacarepaguá, tiveram a gestão definitivamente transferida para a prefeitura do Rio em dezembro de 2024. Para garantir a manutenção dos serviços, o governo federal repassou R$ 150 milhões ao município, além de prever a incorporação de R$ 610 milhões à verba destinada ao atendimento de média e alta complexidade no SUS.
“Para cada uma das parcerias existem metas. O governo federal estará acompanhando o cumprimento dessas metas para garantir a qualidade do serviço e oferecer apoio quando necessário. Nosso objetivo é que a população tenha atendimento digno e eficiente”, declarou a ministra, sem detalhar os critérios específicos.
Reabertura de emergências e ampliação de leitos
Nesta semana, os hospitais Andaraí e Cardoso Fontes reabriram seus setores de emergência. Os investimentos possibilitarão a ativação de 700 leitos, sendo 450 no Andaraí (atualmente são 304) e 250 no Cardoso Fontes (atualmente são 182).
A reabertura das emergências, segundo a ministra, terá impacto positivo em toda a rede do SUS no estado, ajudando a desafogar as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs).
No Andaraí, que fica próximo a um conjunto de favelas, Nísia Trindade conversou com pacientes e funcionários, visitou setores recém-reabertos e áreas ainda em obras, como o ambulatório e a cozinha, fechada há 12 anos. O secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, afirmou que todas as reformas estarão concluídas até o primeiro trimestre de 2026. A unidade também pretende retomar o status de referência no tratamento de queimados.
A prefeitura passou a administrar a contratação de funcionários, enquanto servidores federais poderão optar voluntariamente por outros locais de trabalho.
Plano de reestruturação para os hospitais federais
O Ministério da Saúde anunciou que o estabelecimento de metas será válido para todos os seis hospitais federais do Rio.
Entre as mudanças, o Hospital dos Servidores, na região central, será fundido com o Hospital Universitário Gaffrée e Guinle, da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio).
Na zona sul, o Hospital da Lagoa poderá ser integrado ao Instituto Fernandes Figueira (IFF), ligado à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Já o Hospital de Ipanema passará por modernização e melhorias nos próximos meses.
A ministra enfatizou que o governo federal não abandonará os hospitais, mas reforçou que a gestão hospitalar não deve ser uma atribuição direta do ministério.
“Temos consciência de que a gestão hospitalar deve ser descentralizada. O Ministério da Saúde precisa focar no atendimento de saúde em todo o Brasil”, afirmou.
Solução definitiva
A precariedade dos hospitais federais do Rio era um dos problemas mais críticos do Ministério da Saúde quando Nísia Trindade assumiu a pasta em 2023. Segundo ela, a transferência de gestão para a prefeitura e outras instituições, como o Grupo Hospitalar Conceição (GHC), foi pactuada para ser uma solução permanente.
“É para ficar, não é solução provisória”, garantiu.
Na quinta-feira (6), a ministra e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participaram da reabertura do setor de emergência e de 218 leitos no Hospital Federal de Bonsucesso, que desde outubro de 2024 é administrado pelo GHC, estatal vinculada ao Ministério da Saúde.
Com as mudanças, o governo busca garantir atendimento qualificado, descentralizar a gestão hospitalar e ampliar o acesso da população aos serviços de saúde no estado.