Lula critica falta de orçamento para manutenção de patrimônios históricos

© Tomaz Silva/Agência Brasil

 

Presidente lamenta desmoronamento de igreja em Salvador e cobra planejamento para prédios tombados

 

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou, nesta quinta-feira (6), a falta de planejamento orçamentário para a manutenção de patrimônios históricos no Brasil. A declaração foi dada em entrevista às rádios Metrópole e Sociedade, da Bahia, após o desmoronamento da igreja de São Francisco de Assis, em Salvador.

Segundo Lula, o episódio reflete um problema recorrente no país, onde prédios tombados acabam abandonados por falta de recursos para conservação. “Precisamos rever isso e ter responsabilidade ao fazer um tombamento, visando sua manutenção. Caso contrário, vai ter muita coisa tombada no Brasil caindo”, afirmou.

Cobrança por planejamento

O presidente disse que acompanhou o ocorrido na capital baiana e já determinou que a ministra da Cultura, Margareth Menezes, e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) tomem providências. “Lamento pela queda da igreja. Toda minha solidariedade às pessoas vítimas desse incidente”, declarou.

Lula destacou que todas as propostas de tombamento deveriam incluir previsão orçamentária para garantir a preservação dos bens. Como exemplo, citou as dificuldades enfrentadas na recuperação da Praça dos Três Poderes, em Brasília, após a destruição causada pelos atos golpistas de 8 de janeiro.

“É tudo interminável, tudo complicado. Quando a gente tomba, a gente está fazendo um gesto para humanidade, porque preservar a história e a cultura é maravilhoso. Mas depois a gente constata que não tem dinheiro, e que não foi colocado o dinheiro no orçamento, seja do governo federal, estadual ou da prefeitura”, disse.

Risco de abandono

O presidente mencionou estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco e a própria Bahia como exemplos de locais onde há prédios históricos tombados, mas sem manutenção.

Ele cobrou mais responsabilidade de quem propõe o tombamento, alertando que, sem recursos destinados à preservação, os patrimônios correm risco de deterioração. “Vejo um monte de prédio tombado na Bahia, em Pernambuco. Mas o cidadão que fez o tombamento e aprovou a lei, seja na Câmara de Vereadores ou de Deputados, não coloca um orçamento para que isso seja conservado. Tomba e a coisa vai apodrecendo, envelhecendo, caindo”, concluiu.