Avery diz ter desenvolvido a doença após um ano de uso do medicamento; especialistas ressaltam importância do acompanhamento médico
A cantora americana Avery chamou atenção nas redes sociais ao revelar que desenvolveu osteoporose após usar Ozempic por um ano. Em um vídeo publicado em seu perfil no Instagram, ela aparece chorando e faz um alerta sobre o medicamento: “Por favor, tomem cuidado com Ozempic se vocês não são pessoas que precisam tomar. É destinado a tratar diabetes e obesidade.”
O caso gerou repercussão por se tratar de uma pessoa jovem diagnosticada com osteoporose, doença caracterizada pela perda progressiva de massa óssea, geralmente comum a partir dos 40 anos.
Ozempic e a relação com a perda óssea
A endocrinologista Andressa Heimbecher, professora do Ambulatório de Obesidade da Santa Casa de São Paulo, explica que o Ozempic não causa osteoporose diretamente. No entanto, a perda de peso acelerada pode levar à diminuição da massa óssea, aumentando o risco da doença.
“O nosso esqueleto responde à quantidade de peso que temos. Se uma pessoa pesa 150 quilos, seu esqueleto está habituado a carregar essa carga. Se ela perde muito peso rapidamente, os ossos se adaptam ao novo peso, o que pode levar à perda de massa óssea”, explica a especialista.
Por isso, é fundamental que o uso do Ozempic e de outros medicamentos para emagrecimento seja feito com indicação e acompanhamento médico. “Se a pessoa passa por uma grande perda de peso, mas tem uma alimentação ruim, com baixa ingestão de proteínas e nutrientes, o organismo não consegue manter suas funções adequadamente, incluindo a formação óssea”, alerta Heimbecher.
Além do monitoramento médico, é essencial adotar hábitos saudáveis, como a prática de exercícios físicos de impacto – como corrida e caminhada – para fortalecer os ossos e prevenir a osteoporose. Musculação, pilates e atividades de resistência também são recomendadas, além da ingestão adequada de cálcio e vitamina D.
Quando o Ozempic é indicado?
O Ozempic é um medicamento originalmente desenvolvido para o tratamento do diabetes tipo 2. Sua substância ativa, a semaglutida, auxilia na regulação dos níveis de glicose ao estimular a secreção de insulina pelo pâncreas. O remédio se popularizou como um auxiliar na perda de peso porque promove uma sensação prolongada de saciedade e reduz o apetite.
Apesar disso, especialistas alertam que seu uso indiscriminado pode trazer riscos, especialmente para pessoas que não precisam de emagrecimento médico supervisionado.
Posicionamento da Novo Nordisk
A fabricante do Ozempic, a Novo Nordisk, afirmou em nota que pacientes com déficits nutricionais ou dietas inadequadas podem sofrer redução da densidade mineral óssea. A empresa reforçou que qualquer tratamento médico deve ser realizado sob orientação profissional e não endossa o uso off-label (fora da indicação oficial) de seus medicamentos.
A farmacêutica citou estudos clínicos que não indicaram um aumento significativo no risco de fraturas ósseas durante o uso do Ozempic. No entanto, no caso do Wegovy – outra versão da semaglutida, indicada para obesidade –, houve maior incidência de fraturas do quadril e pelve em idosos e mulheres durante um estudo de desfechos cardiovasculares.
Diante das evidências, a Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora dos EUA, decidiu incluir essa informação na bula do Wegovy nos Estados Unidos.
A Novo Nordisk reiterou que a segurança dos pacientes é uma prioridade e que a semaglutida 2,4 mg passou por um rigoroso processo de testes, com mais de 200 mil pacientes acompanhados ao longo dos anos.
O caso da cantora Avery reforça a importância de se evitar o uso indiscriminado de medicamentos para emagrecimento e a necessidade de um acompanhamento médico adequado para minimizar riscos à saúde.
