Escalada no preço do petróleo pressiona petrobras

 

Aumento no mercado internacional e sanções contra a Rússia indicam possível reajuste de combustíveis no país

 

 

O mercado de petróleo enfrenta uma nova alta, impulsionada por um pacote de sanções contra o setor energético russo. O impacto já é sentido no Brasil, onde a Petrobras enfrenta uma defasagem significativa nos preços de combustíveis, atingindo níveis que, em 2023, levaram a reajustes de 25% no diesel e 16% na gasolina.

Defasagem nos Preços e Reajuste Esperado

Segundo a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), a defasagem média dos preços praticados pela Petrobras em relação ao mercado internacional alcançou 22% para o diesel e 13% para a gasolina. Mesmo refinarias privadas, como a de Mataripe, apresentam preços abaixo do mercado global.

A Petrobras não reajusta o diesel há 383 dias e a gasolina há 188 dias. Especialistas apontam que a estatal não deve conseguir sustentar essa defasagem por muito tempo. “O câmbio e o petróleo em alta tornam inviável manter preços estagnados. Um reajuste será inevitável em breve”, afirmou Sérgio Rodrigues, presidente da Abicom.

Impactos na Inflação

O economista André Braz, da Fundação Getulio Vargas (FGV), alerta que a expectativa de aumento nos combustíveis pressionará a inflação, principalmente em fevereiro de 2025. A gasolina, que compromete 5% do orçamento das famílias brasileiras, será o principal fator de alta no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

“Apesar de a conta de energia elétrica cair 13% em janeiro, amortecendo o IPCA, a inflação em fevereiro será influenciada por combustíveis, mensalidades escolares e outros reajustes”, explicou Braz. Ele estima que o IPCA de janeiro fique em torno de 0,2%, enquanto fevereiro ultrapasse 1%.

Contexto Internacional e Oferta Global

A alta no petróleo ocorre em meio a novas sanções contra a Rússia, que incluem produtores de petróleo, 183 navios e agentes do comércio internacional. “Isso dificulta o acesso aos produtos russos e aumenta a pressão sobre a oferta global”, explicou Isabela Garcia, analista da StoneX.

Além disso, restrições de produção pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) agravam o desequilíbrio entre oferta e demanda, elevando os preços no mercado global.

Posição da Petrobras

Apesar das pressões, a Petrobras tem adotado cautela em reajustar os preços. A presidente da estatal, Magda Chambriard, afirmou recentemente que a empresa ainda consegue lucrar com preços abaixo do mercado internacional. No entanto, especialistas acreditam que um aumento será inevitável caso as condições externas persistam.

Até o momento, a Petrobras não se manifestou oficialmente sobre um possível reajuste.