Jovens mulheres enfrentam aumento nos casos de câncer nos EUA

Foto de Priscilla Du Preez na Unsplash

 

Relatório revela tendência preocupante: diagnósticos de câncer crescem entre mulheres jovens, especialmente de mama e tireoide

 

 

 

Charmella Roark nunca esquecerá o impacto do diagnóstico de sua irmã mais nova. Em 2018, Kiki Roark, então com 37 anos, revelou à família que tinha câncer de mama em estágio inicial. Apenas quatro anos depois, foi a vez de Charmella receber o mesmo diagnóstico. As irmãs de Nova Jersey não apenas compartilharam uma jornada pessoal dolorosa, mas também ilustram uma crescente preocupação de saúde pública: o aumento nos diagnósticos de câncer em mulheres jovens nos Estados Unidos.

De acordo com um relatório da Sociedade Americana do Câncer, mulheres de meia-idade agora apresentam um risco ligeiramente maior de desenvolver câncer do que homens da mesma faixa etária. Em mulheres jovens, o índice é quase o dobro em relação aos homens jovens. A principal causa? O crescimento nos casos de câncer de mama e tireoide, que correspondem a quase metade dos diagnósticos entre mulheres com menos de 50 anos.

Uma luta por diagnóstico e tratamento

Kiki lembra como precisou insistir para obter uma mamografia após sentir dores na axila, já que três médicos haviam descartado a necessidade do exame por causa da idade. “Só porque eu era mais jovem, eles não me levaram a sério”, relata. O diagnóstico foi confirmado após meses de persistência, levando-a a uma mastectomia dupla e ao uso de medicação hormonal.

Inspirada pela experiência da irmã, Charmella manteve exames regulares e, em 2022, foi diagnosticada em estágio inicial de câncer de mama. Agora ambas estão livres da doença, mas destacam a importância de defender o próprio acesso a exames e tratamentos. “Eu sempre digo: defenda-se”, afirma Kiki.

Disparidades persistem

O relatório também aponta grandes desigualdades nos desfechos do câncer. Mulheres negras têm 41% mais chances de morrer de câncer de mama do que mulheres brancas, mesmo apresentando menor incidência da doença. Além disso, cânceres como os de próstata, estômago e corpo uterino afetam desproporcionalmente comunidades negras e indígenas.

“Você tem mais probabilidade de desenvolver câncer de mama como mulher branca, mas é mais provável que morra dele como mulher negra”, afirma William Dahut, diretor científico da Sociedade Americana do Câncer. Essa disparidade é ainda mais evidente entre as populações mais jovens.

Fatores de risco e prevenção

Especialistas acreditam que múltiplos fatores podem explicar o aumento de câncer em adultos jovens, como mudanças nos padrões de fertilidade, obesidade, consumo de álcool e sedentarismo. Fatores ambientais e riscos ainda não identificados também podem desempenhar um papel. “Precisamos expandir nossa compreensão do impacto do estilo de vida e do ambiente no risco de câncer”, destaca Neil Iyengar, oncologista do Memorial Sloan Kettering Cancer Center.

Enquanto os avanços na detecção precoce e nos tratamentos têm contribuído para a queda da mortalidade por câncer – uma redução de 34% desde 1991 – o aumento nos casos em faixas etárias mais jovens alerta para a necessidade de estratégias preventivas mais eficazes e suporte direcionado.

Um futuro de desafios e resiliência

As irmãs Roark exemplificam resiliência e esperança, mas sua história também é um apelo à conscientização. Com projeções de mais de 2 milhões de novos casos de câncer nos EUA este ano, a batalha para compreender e prevenir a doença em populações jovens está apenas começando. “Precisamos estar prontos para apoiar pacientes que enfrentam tratamentos agressivos enquanto equilibram responsabilidades familiares e profissionais”, afirma Iyengar.

Para Charmella e Kiki, a mensagem é clara: nunca subestime os sinais do corpo e lute pelo cuidado que você merece. “Se eu tivesse escutado os médicos e não insistido, não sei onde estaria agora”, reflete Kiki.

 

Com informações da CNN