![Estudo Revela Associação Entre Alimentos Ultraprocessados e Maior Risco de Câncer no Trato Digestivo Superior saude economia mercado alimento comida](https://brasiltimes.com.br/wp-content/uploads/2023/11/nathalia-rosa-rWMIbqmOxrY-unsplash-696x522.jpg)
Preço das carnes e alta do dólar pressionaram o IPCA, que fechou o ano em 4,83%, acima do teto estipulado pelo governo
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do Brasil, fechou 2024 em 4,83%, superando o limite máximo da meta estipulada pelo governo, que era de 4,5%. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O aumento foi impulsionado principalmente pelo grupo alimentos e bebidas, que registrou alta de 7,69%, a maior desde 2022. Esse grupo contribuiu com 1,63 pontos percentuais (p.p.) para o IPCA do ano. Entre os itens alimentícios, as carnes lideraram o impacto, subindo 20,84% e representando 0,52 p.p. no índice.
Clima e ciclo pecuário influenciam alimentos
A alta das carnes foi marcada por uma disparada nos preços no último trimestre do ano. Após queda no início de 2024, o preço do alimento subiu 23,88% entre setembro e dezembro, encerrando o ano com a maior alta desde 2019.
O analista do IBGE André Almeida explica que o aumento foi causado por uma combinação de fatores climáticos e pecuários. “Ondas de calor, seca e estiagem severa em diversas regiões do Brasil intensificaram os efeitos da entressafra e limitaram as pastagens, reduzindo a oferta de animais para abate”, disse.
Os cortes que mais subiram foram costela (21,33%), alcatra (21,13%) e carne de porco (20,06%). Outros itens alimentícios, como café moído (39,60%) e óleo de soja (29,21%), também apresentaram altas expressivas, mas as carnes têm maior peso na cesta de consumo do brasileiro.
Gasolina e desvalorização
Entre os produtos não alimentícios, a gasolina registrou alta de 9,71% em 2024, gerando impacto de 0,48 p.p. no IPCA. Como o item possui o maior peso na cesta de consumo pesquisada pelo IBGE, sua influência foi significativa.
A desvalorização do real, que encerrou o ano com alta acumulada de 27% no dólar, também teve um papel importante. O dólar foi negociado a R$ 6,18 no final de 2024, pressionando o custo de commodities alimentícias e produtos importados. “Um câmbio desvalorizado incentiva produtores a exportar, reduzindo a oferta interna e elevando os preços”, destacou Almeida.
Inflação controlada
Embora 2024 tenha terminado com inflação acima da meta, o ano registrou um momento de alívio em agosto, quando o IPCA foi de -0,02%, devido à queda nas tarifas de energia elétrica e no preço de alguns alimentos. No entanto, o maior pico foi em fevereiro (0,83%), impulsionado pelo reajuste das mensalidades escolares.
Com desafios climáticos e cambiais persistentes, especialistas apontam que o controle da inflação em 2025 dependerá de medidas econômicas e do monitoramento do câmbio e das safras agrícolas.