Superávit da balança comercial cai 24,6% em 2024

 

Recuperação econômica e desvalorização das exportações de soja e milho influenciam resultados, mas país segue com superávit histórico

 

 

Em 2024, o Brasil enfrentou uma queda no superávit da balança comercial, que fechou o ano com um saldo positivo de US$ 74,552 bilhões, representando uma diminuição de 24,6% em relação ao recorde histórico de 2023, quando o superávit havia alcançado US$ 98,903 bilhões. Embora tenha ocorrido um recuo, o resultado permanece como o segundo maior superávit anual da série histórica, iniciada em 1989, refletindo a força da economia brasileira, mesmo diante de desafios globais.

O país exportou US$ 337,036 bilhões em mercadorias em 2024, com um pequeno recuo de 0,8% em relação ao recorde de 2023, que havia sido de US$ 339,696 bilhões. No entanto, as importações aumentaram significativamente, crescendo 9%, com um total de US$ 262,484 bilhões em compras do exterior, frente aos US$ 240,793 bilhões de 2023.

Esse superávit, embora abaixo das expectativas iniciais, superou a previsão do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), que havia estimado um saldo positivo de US$ 70 bilhões. As exportações ficaram levemente acima da projeção de US$ 335,7 bilhões, enquanto as importações se mantiveram abaixo da previsão de US$ 264,3 bilhões.

De acordo com a análise do Mdic, as exportações do Brasil apresentaram um crescimento de 3% no volume total de mercadorias enviadas ao exterior, mas o preço médio das mercadorias caiu 3,6%, puxado especialmente pelas commodities, como soja e milho. No lado das importações, o volume de bens comprados aumentou 17,2%, impulsionado pela recuperação do consumo interno após a pandemia, e os preços médios das mercadorias importadas caíram 7,4%.

Petróleo, Soja e Milho

O destaque nas exportações de 2024 foi o petróleo bruto, que superou a soja em valor, se tornando o principal produto exportado pelo Brasil. As exportações de petróleo cresceram 5,2% em valor, com aumento de 10,1% no volume embarcado, embora o preço médio tenha caído 4,4%. Por outro lado, as exportações de soja caíram 19,4%, impactadas pela combinação de menor volume exportado e uma queda de 16,9% no preço médio. O milho, um dos principais produtos agrícolas do país, também teve um desempenho negativo, com uma queda de 39,9% no valor exportado, com o volume caindo 28,8% e os preços recuando 15,6%. Fatores climáticos como enchentes e secas nas regiões produtoras contribuíram para esse desempenho ruim.

Em dezembro, a balança comercial registrou um superávit de US$ 4,803 bilhões, uma queda de 48,5% em relação ao mesmo mês de 2023, quando o saldo positivo havia sido de US$ 9,323 bilhões. As exportações caíram 13,5% em relação a dezembro de 2023, totalizando US$ 24,904 bilhões, enquanto as importações aumentaram 3,3%, somando US$ 20,101 bilhões.

As principais quedas em dezembro ocorreram nas exportações da agropecuária, que recuaram 20,4%, com destaque negativo para soja, milho e café. A indústria extrativa também teve uma queda considerável, com o volume exportado despencando 19,4%, afetado pela redução nas exportações de petróleo e minério de ferro.

Projeções para 2025

O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) também divulgou suas estimativas para o ano de 2025, projetando um superávit entre US$ 60 bilhões e US$ 80 bilhões. As exportações devem variar entre US$ 320 bilhões e US$ 360 bilhões, enquanto as importações devem ficar entre US$ 260 bilhões e US$ 280 bilhões.

Esses números refletem uma expectativa de continuidade na recuperação econômica, mas também indicam desafios no campo das commodities e no comércio exterior, que exigem atenção a fatores climáticos, variações nos preços internacionais e políticas comerciais.