
Nova diretriz busca prevenir deficiências que impactam saúde óssea e imunidade na infância e adolescência
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) atualizou suas diretrizes para recomendar a suplementação de vitamina D para todas as crianças e adolescentes até os 18 anos. Antes, a indicação abrangia apenas os primeiros 12 meses de vida. A mudança, publicada em novembro após oito anos sem revisões, visa combater a deficiência do nutriente, que pode levar a problemas como raquitismo, infecções respiratórias e fragilidade óssea.
O impacto da deficiência
Cerca de 90% da vitamina D é sintetizada pelo corpo após exposição solar, enquanto os outros 10% provêm da alimentação. No entanto, a dieta típica brasileira, pobre em alimentos ricos no nutriente, como peixes de água fria e fígado, dificulta o alcance dos níveis ideais. Segundo a SBP, o déficit da substância é agravado pelo estilo de vida moderno, com menos tempo ao ar livre e maior exposição a ambientes fechados, como casas e shoppings.
Estudos apontam que 12,5% das crianças e adolescentes brasileiros apresentam deficiência de vitamina D, com regiões como o Sul registrando índices ainda maiores no inverno. Esses dados reforçam a importância da suplementação, sobretudo para grupos com maior risco, como aqueles com baixa exposição solar ou dietas inadequadas.
Recomendações e cuidados
A SBP orienta a ingestão de 600 UI diárias para crianças acima de 1 ano e adolescentes, enquanto bebês até 12 meses devem receber 400 UI. A suplementação, porém, deve ser supervisionada por pediatras, que avaliam fatores como exposição solar, estágio de crescimento e dieta antes de prescrever a reposição.
“Não se deve suplementar indiscriminadamente”, alerta o pediatra Thomaz Bittencourt Couto, do Hospital Albert Einstein. “O excesso de vitamina D pode causar hipervitaminose, resultando em sintomas como náuseas, fraqueza e problemas renais.”
Um problema nacional em um país ensolarado
Embora o Brasil tenha alta incidência de luz solar, fatores como sazonalidade, localização geográfica e cor da pele influenciam na síntese de vitamina D. Por isso, a SBP evita recomendar exames de dosagem em larga escala, reservando-os para casos específicos, como suspeitas de doenças renais ou autoimunes.
A pediatra Débora Kalman destaca que a suplementação é crucial em fases de intenso crescimento. “Além de prevenir deficiências, a diretriz orienta doses seguras, evitando riscos associados a exageros”, explica.
Com as novas diretrizes, a SBP espera combater um problema de saúde pública subestimado. A conscientização sobre a vitamina D e o acompanhamento médico são fundamentais para garantir que crianças e adolescentes cresçam saudáveis, minimizando os riscos associados à hipovitaminose e à hipervitaminose.