Tendência de alta envolve especialmente idosos e está concentrada em algumas regiões; especialistas recomendam cautela nas festas de fim de ano
A nova edição do boletim Infogripe, divulgada nesta quinta-feira (19) pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), aponta um aumento nos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) relacionados à covid-19 em algumas regiões do Brasil. O levantamento, referente à semana epidemiológica de 8 a 14 de dezembro, destaca cenários preocupantes em estados como Ceará, Minas Gerais, Sergipe, Rondônia e no Distrito Federal, com ênfase em pacientes idosos, mais suscetíveis às complicações do coronavírus.
Além disso, há um crescimento de casos de SRAG entre crianças e adolescentes de até 14 anos, associado ao rinovírus, em estados como Acre, Distrito Federal, Minas Gerais e Sergipe.
Dados e evolução dos casos
A SRAG, que demanda hospitalização devido à gravidade dos sintomas, como desconforto respiratório e baixa saturação de oxigênio, segue como um indicador importante para monitorar doenças respiratórias no país.
Segundo o boletim, 31,1% dos casos de SRAG com resultado positivo nas últimas quatro semanas foram relacionados à covid-19, enquanto o rinovírus liderou com 38,6%. Outras infecções virais também contribuíram: 7,9% dos casos envolveram o vírus sincicial respiratório (VSR), 7,6% a influenza A e 7,3% a influenza B.
Quando se trata dos casos que resultaram em óbito, a covid-19 teve uma participação alarmante: 63,6% dos desfechos fatais de SRAG nas últimas semanas foram associados ao coronavírus, principalmente entre idosos.
No acumulado de 2024, o Brasil já registrou 78.739 casos de SRAG positivos para vírus respiratórios, com destaque para o VSR (33,8%), rinovírus (27,1%) e covid-19 (19,6%). Outras 8.280 ocorrências ainda estão em análise.
Crescimento regional e tendências
O boletim também sinaliza uma tendência nacional de alta nos casos de SRAG, com crescimento de longo prazo em 11 estados, incluindo Acre, Ceará, Minas Gerais, e Goiás. No curto prazo, a tendência é mais evidente no Acre, Amazonas, Bahia, Ceará, Goiás, Mato Grosso e Rio Grande do Sul.
Balanço de 2024 e recomendações
A pesquisadora da Fiocruz, Tatiana Portella, destacou que, embora o país tenha enfrentado duas ondas importantes de covid-19 neste ano, houve uma redução de 40% nos casos de SRAG relacionados ao vírus em comparação com 2023. Contudo, o encerramento de 2024 já aponta um novo aumento, particularmente em regiões específicas.
“Observamos uma menor atividade dos vírus respiratórios neste fim de ano, com exceção da covid-19, que já começa a crescer em algumas áreas. Para as festas de fim de ano, recomendamos o uso de máscaras caso surjam sintomas gripais e priorizar ambientes bem ventilados”, orientou Portella.
A Fiocruz reforça a necessidade de cautela, especialmente entre os grupos de risco, para evitar um aumento significativo nos casos graves e hospitalizações.