Descoberta na Austrália revela ancestral dos ecdisozoários, grupo que deu origem a insetos, crustáceos e nematoides
Cientistas encontraram no Parque Nacional Nilpena Ediacara, na Austrália, o fóssil de um verme que viveu há 555 milhões de anos e pode ser a chave para resolver um dos maiores enigmas da evolução: as origens dos ecdisozoários, o maior grupo animal da Terra.
Os ecdisozoários, que incluem espécies como insetos, crustáceos e nematoides, existem em grande número atualmente, mas os cientistas sempre enfrentaram dificuldades para localizar evidências concretas de seus ancestrais. A descoberta foi publicada nesta segunda-feira (16) na revista Current Biology.
“Ecdysozoários eram prevalentes no registro fóssil Cambriano e sabemos que eles não apareceram do nada. Mas, até agora, não tínhamos nenhuma evidência fóssil concreta para confirmá-lo”, explicou Ian Hughes, autor principal do estudo e candidato a Ph.D. em Biologia Organísmica e Evolutiva na Universidade de Harvard.
O fóssil e sua preservação única
Batizado de Uncus dzaugisi, o fóssil foi encontrado em rochas do período pré-cambriano, preservado em um formato que parecia ter sido “cimentado”. Isso ocorreu porque camadas espessas de sedimentos comprimiram os vermes, criando uma espécie de molde do ecossistema em que viviam.
“Imagine despejar concreto sobre o oceano, esperar meio bilhão de anos e então virá-lo para encontrar um ecossistema inteiro”, descreveu Hughes. Segundo ele, essa preservação excepcional permite estudos detalhados sobre os primeiros ecossistemas animais da Terra.
Características e importância da descoberta
Os Uncus dzaugisi apresentam semelhanças com animais modernos, como os nematelmintos, e características que sugerem mobilidade, algo inédito para fósseis dessa época.
“Os ecdisozoários são tão diversos e ocupam tantos nichos, que realmente identificar um antigo e ver o que os ecdisozoários estavam fazendo é simplesmente incrível”, comentou Hughes.
A descoberta representa um marco na paleontologia, não apenas pelo impacto no entendimento da evolução animal, mas também pela possibilidade de explorar os ecossistemas primordiais do planeta.