
Com impacto maior de alimentos e passagens aéreas, IPCA registra alta de 0,39% no mês; no acumulado do ano, índice atinge 4,29%
A inflação oficial do Brasil, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), registrou alta de 0,39% em novembro, desacelerando em relação a outubro, quando havia sido de 0,56%. Os dados foram divulgados nesta terça-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Apesar da desaceleração, o acumulado dos últimos 12 meses atingiu 4,87%, acima da meta de 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Esse é o maior índice desde setembro de 2023. No acumulado do ano, a inflação alcança 4,29%, deixando pouco espaço para que o IPCA fique dentro da meta anual, como alertou André Almeida, gerente da pesquisa do IBGE: “Caso o IPCA seja superior a 0,20% em dezembro, o índice ultrapassará o teto da meta”.
Alimentos, passagens aéreas e cigarro puxam a inflação
O principal fator de pressão no índice de novembro foi o grupo alimentação e bebidas, que subiu 1,55%, representando 0,33 ponto percentual do IPCA. O destaque foi o aumento das carnes, com alta de 8,02%, puxada pela menor oferta de animais para abate e pelo aumento das exportações. Entre os cortes mais afetados, a alcatra subiu 9,31% e o contrafilé, 7,83%.
Outro vilão foi o preço das passagens aéreas, que registraram aumento de 22,65%, pressionando o grupo de transportes, que subiu 0,89%. Esse foi o item individual que mais subiu em novembro, influenciado pelo aumento da demanda com a proximidade do final do ano e feriados.
No grupo de despesas pessoais, o cigarro disparou 14,97%, enquanto pacotes turísticos e hospedagens subiram 4,12% e 2,20%, respectivamente.
Combustíveis e energia elétrica aliviam inflação
Por outro lado, os combustíveis tiveram queda de 0,15%, com destaque para o etanol (-0,19%) e a gasolina (-0,16%). O custo da habitação também registrou inflação negativa (-1,53%), impactado pela redução de 6,27% na energia elétrica residencial, devido à troca da bandeira tarifária vermelha pela amarela em novembro.
O índice de difusão, que mede o percentual de itens com aumento de preços, caiu de 62% em outubro para 58% em novembro, mostrando que a alta foi menos disseminada.
Impacto na taxa de juros
O IPCA é um dos principais indicadores para o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que define a taxa básica de juros, a Selic. Atualmente fixada em 11,25% ao ano, a Selic é usada para controlar a inflação, mas tem o efeito colateral de frear a atividade econômica.
Na última reunião do ano, que termina nesta quarta-feira (11), o Copom tomará decisões que poderão impactar a inflação de 2024, cuja meta também é 3%. Segundo o Boletim Focus, a expectativa do mercado é que a inflação de 2024 atinja 4,84%, enquanto a taxa Selic deve terminar o ano em 12%.
O cenário econômico segue desafiador, especialmente com a transição na presidência do Banco Central, que será liderado por Gabriel Galípolo a partir de 2025. O desafio será garantir a convergência da inflação para a meta sem comprometer o crescimento econômico e a geração de empregos.