
Apesar de avanços, Brasil não cumpre meta de encerrar lixões até 2024
Apenas 58,5% dos resíduos sólidos urbanos gerados no Brasil em 2023 tiveram destinação ambientalmente adequada, revela o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2024, divulgado nesta segunda-feira (9) pela Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (Abrema). Ainda assim, 41,5% dos resíduos foram descartados de forma inadequada, com 35,5% indo para lixões, apesar da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) ter estabelecido 2024 como prazo para encerramento desses locais.
“Ainda estamos longe de atender às diretrizes da PNRS, o que compromete o meio ambiente e a saúde pública”, alerta o documento. Houve, contudo, um avanço em relação a 2022, quando 57% dos resíduos tiveram destinação correta.
Geração de resíduos no Brasil
Em 2023, cada brasileiro gerou, em média, 1,047 kg de resíduos sólidos urbanos por dia, totalizando mais de 81 milhões de toneladas no ano. A região Sudeste lidera em volume, com quase 40 milhões de toneladas, representando 49,3% do total. Já o Norte produziu o menor volume, com 7,5% do total, equivalente a 6 milhões de toneladas anuais.
Coleta e reciclagem
Foram coletadas 93,4% das 81 milhões de toneladas geradas, sendo que 87,8% desse volume foi recolhido por serviços públicos e 5,6% por catadores informais. Cerca de 6,6% dos resíduos não foram coletados, e 5,7% foram queimados a céu aberto.
No campo da reciclagem, apenas 8% dos resíduos secos, o equivalente a 6,7 milhões de toneladas, foram reaproveitados, com 67,2% desse trabalho realizado por catadores informais. O setor ainda engatinha em compostagem, que recebeu apenas 0,4% do total gerado, resultando na produção de 85,5 mil toneladas de composto orgânico.
Custos e emprego no setor
Em 2023, os municípios brasileiros investiram R$ 34,7 bilhões na gestão de resíduos sólidos, incluindo coleta, transporte e tratamento. Com gastos privados, o montante chegou a R$ 37 bilhões, um aumento de 9,4% em relação ao ano anterior.
O setor empregou 386 mil pessoas, das quais 93% em atividades operacionais, como coleta e varrição, e 7% em funções administrativas.
Desafios e soluções
O relatório da Abrema aponta que, para avançar no gerenciamento de resíduos sólidos urbanos, é necessário priorizar soluções com maior impacto, como o aumento na coleta seletiva e investimentos em infraestrutura para destinação adequada. “A análise desses dados permite estimar os custos e investimentos necessários para implementar soluções sustentáveis e garantir sua continuidade”, conclui o estudo.