
Especialistas orientam sobre como enfrentar o período festivo com resiliência e alegria, mesmo diante de perdas ou solidão
A época das festas de fim de ano costuma evocar imagens de alegria, amor e conexões familiares. Porém, para muitas pessoas, ela também pode ser um período difícil, marcado pela solidão e pela ausência de tradições compartilhadas.
“Nos mostram uma versão ideal das festas, com pessoas em relacionamentos, filhos e famílias com pijamas combinando em fotos perfeitas”, observa Shani Silver, escritora e autora do boletim Cheaper Than Therapy. No entanto, essa narrativa exclui aqueles que enfrentam o fim de um relacionamento, afastamentos familiares ou perdas recentes.
Honrando os sentimentos
Especialistas destacam que é válido sentir tristeza ou saudade durante as festas. Segundo a psicóloga clínica Ayanna Abrams, o fim de uma tradição familiar ou a ausência de um parceiro podem trazer culpa, vergonha ou autocrítica, reforçando sentimentos de isolamento.
“Não há exigência para que as festas pareçam ou se sintam como sempre foram”, acrescenta o psicólogo Adam Brown, professor na The New School for Social Research. Reconhecer a dor, sem se prender a ela, pode ser o primeiro passo para redescobrir o significado deste período.
Redefinindo o período festivo
Silver incentiva pessoas solteiras ou sem conexões familiares próximas a explorar novas formas de celebração. “Sua temporada festiva não é insignificante. Cada ser humano é válido”, afirma.
Atividades como decorar a casa, preparar uma refeição especial ou explorar novas tradições podem trazer satisfação. Experiências simples, como assistir a filmes natalinos, visitar bairros decorados ou organizar jantares com amigos, ajudam a criar memórias positivas.
Se o luto ou a saudade se tornarem opressivos, expressar sentimentos — seja em um diário, com amigos ou com um terapeuta — é essencial para processar emoções.
Lidando com a pressão social
Para quem enfrenta perguntas sobre status de relacionamento ou escolha de celebrações, Silver recomenda estabelecer limites claros. Respostas simples como “prefiro focar em novas experiências” podem evitar desconfortos.
Abrams sugere que, diante de postagens idealizadas nas redes sociais, uma pausa ou a reavaliação de como nos comparamos com os outros pode aliviar a pressão. “Ter ciúmes é apenas uma lente que você pode escolher. Outra visão é: se aconteceu com eles, pode acontecer comigo”, conclui Silver.
Escolha o que te faz bem
Independentemente de como você passe as festas, a chave é respeitar sua capacidade emocional e buscar alegria no que é possível. “O autocuidado é essencial”, ressalta Brown, sugerindo práticas como exercícios, momentos ao ar livre e reflexão pessoal.
As festas não precisam ser um reflexo do passado ou das expectativas externas. Redefini-las pode ser uma oportunidade para celebrar o presente — e a si mesmo.