
Agência Brasileira de Inteligência e Sistema Brasileiro de Inteligência passam por reformulação estratégica para enfrentar desafios transnacionais e proteger a democracia
Neste sábado (7), a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) completa 25 anos, marcando a data com um processo de ampla reformulação. As mudanças, alinhadas com as diretrizes do governo federal, visam fortalecer não apenas a agência, mas também o Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin), para responder aos desafios crescentes de criminalidade organizada, extremismo violento e caos informacional.
“O Sisbin precisa ser reorganizado, e as instituições civis de inteligência devem ser fortalecidas para enfrentar as ameaças às instituições democráticas e ao desenvolvimento nacional”, afirmou o diretor-geral da Abin, Luiz Fernando Corrêa, durante a celebração em Brasília.
Reforma estratégica
A reformulação da Abin está estruturada em três pilares:
- Redirecionamento – Revisão dos objetivos estratégicos da agência para refletir as novas demandas nacionais e internacionais.
- Reorganização – Melhoria na eficiência operacional e capacidade de resposta.
- Reposicionamento – Ampliação da transparência e integração com o governo e a sociedade.
Já a reestruturação do Sisbin envolve quatro eixos principais, como o fortalecimento da Abin como órgão central e a ampliação de participantes. Além dos 48 órgãos federais já integrados, o sistema negocia a adesão dos 26 estados, do Distrito Federal e de entidades estratégicas do setor privado.
Entre as prioridades definidas para a Abin pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva estão mudanças climáticas, segurança cibernética e combate ao extremismo para proteção à democracia.
Contexto histórico e desafios
A Abin surgiu no contexto da redemocratização, sucedendo o Serviço Nacional de Informações (SNI), que desempenhou papel central na repressão durante a ditadura militar (1964-1989). Pesquisadoras como Priscila Carlos Brandão (UFMG) e Samantha Viz Quadrat (UFF) destacam, em estudos recentes, os esforços da Abin para romper com esse passado autoritário e construir uma inteligência apartidária e democrática.
Contudo, segundo Corrêa, episódios recentes, como o uso indevido da Abin no governo de Jair Bolsonaro, evidenciam a necessidade de salvaguardar o sistema de inteligência contra desvios de finalidade.
“A reconstrução da Abin e do Sisbin visa colocá-los a serviço do Estado, não de governantes”, afirmou o ministro da Casa Civil, Rui Costa, destacando que as reformas garantem mais segurança e transparência.
O futuro da inteligência no Brasil
Ao longo dos anos, a Abin enfrentou desafios institucionais e operacionais, mas a atual reestruturação busca preparar o Brasil para um cenário global cada vez mais complexo. “O país requer serviços de inteligência à altura de suas complexidades geopolíticas e sociais”, declarou Corrêa, reforçando o compromisso com a democracia, a transparência e a modernização da inteligência nacional.
O processo de transformação da Abin reflete o papel estratégico que a agência busca desempenhar nos próximos anos, como ferramenta essencial para a formulação de políticas públicas e proteção dos interesses nacionais.