
Sirius-2, em parceria com Ecopetrol, pode dobrar as reservas colombianas e abastecer o mercado interno por uma década
A Petrobras anunciou nesta quinta-feira (5) a descoberta da maior reserva de gás natural da história da Colômbia, localizada no poço Sirius-2, na margem equatorial do país. A reserva, identificada em parceria com a estatal colombiana Ecopetrol, supera 6 trilhões de pés cúbicos (Tcf) in place e tem potencial para elevar em 200% as reservas de gás da Colômbia, conforme estimativas do consórcio.
Produção local priorizada
Com capacidade de produção estimada em 13 milhões de metros cúbicos diários por uma década, o volume equivale a quase metade da produção diária de gás da Petrobras no Brasil. Segundo a diretora de Exploração e Produção da estatal brasileira, Sylvia Anjos, a prioridade será abastecer o mercado colombiano.
“Não pretendemos exportar. Ficará aqui, há demanda muito grande na Colômbia”, afirmou Sylvia, durante coletiva em Bogotá.
Apesar disso, dois outros poços na região — Buena Sorte e Papayuela — estão sendo explorados, o que pode viabilizar excedentes para exportação.
Investimentos bilionários e desafios ambientais
O consórcio liderado por Petrobras (44,44% de participação) e Ecopetrol (55,56%) prevê investimentos de US$ 1,2 bilhão na fase exploratória e US$ 2,9 bilhões no desenvolvimento. No entanto, a operação enfrenta desafios regulatórios, como a obtenção de licença ambiental.
Rodrigo Costa, diretor da sucursal colombiana da Petrobras, explicou que o processo de consulta prévia envolve 116 comunidades e pode ser um fator de atraso.
“Essa etapa traz incerteza de tempo, pois depende de acordos com todas as comunidades afetadas”, afirmou Costa, que espera a conclusão do processo entre 2025 e 2026.
Margem equatorial e expansão global
Sirius-2 integra a promissora margem equatorial, região rica em petróleo e gás que abrange áreas da Guiana, Suriname e Brasil. A descoberta reforça a presença internacional da Petrobras, que opera em países como Argentina, Bolívia, Estados Unidos e São Tomé e Príncipe, buscando diversificar seu portfólio.
No Brasil, a exploração na margem equatorial enfrenta resistência ambiental. O Ibama já negou licenças para perfurações em áreas como a Bacia da Foz do Amazonas. Apesar disso, a Petrobras considera estratégica a exploração na região para reduzir a dependência de importações de petróleo.
A produção de Sirius-2 está prevista para começar em até três anos após a obtenção das licenças e a confirmação da viabilidade comercial, consolidando a descoberta como um marco histórico para a indústria de gás na América Latina.