Estudo alerta para risco de estresse térmico na Copa do Mundo de 2026

Foto de Fancy Crave na Unsplash

 

Altas temperaturas em estádios na América do Norte podem prejudicar saúde de jogadores durante o torneio, indica pesquisa

 

 

 

Jogadores de futebol que disputarão a Copa do Mundo FIFA de 2026 poderão enfrentar riscos significativos de estresse térmico e desidratação, especialmente em 10 dos 16 locais que sediarão partidas, aponta um estudo publicado nesta quarta-feira (28) no periódico Scientific Reports. Os maiores perigos estão em Arlington e Houston, no Texas, e em Monterrey, no México, onde as condições climáticas podem tornar os jogos um desafio extremo para a saúde dos atletas.

Altas temperaturas no verão norte-americano

A competição, marcada para ocorrer entre 11 de junho e 19 de julho, coincidirá com o verão na América do Norte, quando as temperaturas estão próximas de seus picos. Utilizando dados do serviço Copernicus Climate Change, os pesquisadores simularam as condições de temperatura, vento e umidade em torno dos estádios da Copa de 2026 e calcularam o Universal Thermal Climate Index (UTCI), uma medida da resposta fisiológica humana ao ambiente térmico.

Os resultados mostraram valores médios de UTCI por hora de até 49,5 ºC em Arlington, Houston e Monterrey, com picos de sensação térmica acima de 50 ºC no meio e no final da tarde. Esses números colocam os jogadores em risco elevado de estresse térmico, especialmente em partidas realizadas entre 14h e 17h, horário local.

Recomendações e medidas preventivas

Os autores do estudo sugerem ajustes nos horários das partidas para minimizar a exposição dos jogadores às condições extremas. O uso de ar-condicionado nos estádios também pode ser uma alternativa para reduzir o impacto do calor.

O que é estresse térmico?

O estresse térmico ocorre quando o corpo não consegue regular sua temperatura ideal de 36,5 ºC devido a calor extremo. Pedro Chocair, clínico geral e nefrologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, explica que “o excesso de calor provoca sudorese intensa, dilatação dos vasos periféricos e queda da pressão arterial”.

Entre os sintomas estão fadiga, dores musculares e de cabeça, confusão mental e tonturas. Em casos mais graves, o estresse térmico pode afetar o desempenho físico, causar colapsos e até representar risco à vida.

Histórico de impacto do clima no futebol

Eventos anteriores, como a Copa de 2014 no Brasil, destacaram os efeitos negativos de alta umidade relativa, enquanto a edição de 2018 na Rússia enfrentou problemas associados ao calor extremo. A edição de 2026, com jogos distribuídos entre Canadá, México e Estados Unidos, apresenta um novo desafio climático para jogadores e organizadores.

Com esse alerta, a FIFA e os comitês locais precisarão tomar medidas para proteger os atletas e manter a qualidade do espetáculo, buscando soluções que minimizem os impactos do calor nos jogos.