Brasil registra aumento de casos de coqueluche em 2024

Foto de Mufid Majnun na Unsplash

 

Com 3.253 casos notificados até o momento, o Brasil enfrenta o maior número de infecções por coqueluche desde 2014, aponta Ministério da Saúde

 

 

Em 2024, o Brasil registrou 3.253 casos de coqueluche, o maior número desde 2014, quando foram notificados 8.622 casos, segundo dados do painel epidemiológico do Ministério da Saúde. Esse crescimento é atribuído principalmente à queda na cobertura vacinal e à falta de reforço vacinal em adolescentes. Segundo a infectologista Mirian Dal Ben, do Hospital Sírio Libanês, a cobertura vacinal contra coqueluche deveria alcançar 95%, mas permanece abaixo do ideal, o que impacta a proteção da população.

Desde a década de 1990, quando o índice de infecção era de cerca de 10 casos por 100 mil habitantes, a vacinação ajudou a reduzir os números. No entanto, neste ano, o Paraná voltou a atingir esse patamar, com um coeficiente de 10,60. O estado também registra 4 das 13 mortes confirmadas no país em 2024 e lidera em número de casos, com 1.224 notificações, seguido por São Paulo, com 870 casos.

Para Dal Ben, a ausência de reforço vacinal em adolescentes, prática comum nos Estados Unidos e Europa, também contribui para o aumento dos casos. No Brasil, a vacina contra coqueluche é aplicada em crianças menores de 6 meses e conta com reforços após 1 ano de idade, mas os adolescentes não recebem uma dose adicional de proteção.

Outro fator de preocupação é a queda na vacinação de gestantes, cujo índice de adesão no Paraná está em 53,3%. A vacinação de gestantes é essencial para proteger os recém-nascidos, que estão na faixa etária mais vulnerável à coqueluche. “Essa vacinação protege o bebê, que tem maior risco de adoecer gravemente, e também os profissionais de saúde que lidam com essas crianças pequenas”, explicou Dal Ben.

A coqueluche é uma infecção respiratória altamente transmissível, causada pela bactéria Bordetella pertussis, que provoca episódios intensos de tosse seca. A transmissão ocorre pelo contato com gotículas de saliva emitidas ao tossir, espirrar ou falar. No Brasil, a vacina contra coqueluche é oferecida gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), em esquema de doses aos 2, 4 e 6 meses, com reforços subsequentes pela vacina tríplice bacteriana (DTP).

A queda na cobertura vacinal, que no Paraná e São Paulo está em torno de 86%, evidencia a necessidade de estratégias de vacinação mais abrangentes, especialmente para adolescentes e gestantes, para conter a doença e proteger a população mais vulnerável.