Copom alerta para prolongamento do ciclo de alta de juros

 

Banco Central mantém o compromisso com a meta de inflação e aponta desafios internos e externos que podem impactar a política monetária

 

 

 

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central emitiu nesta terça-feira (12) um alerta sobre a possibilidade de prolongamento do ciclo de alta de juros, caso haja deterioração nas expectativas de inflação. Atualmente, a taxa Selic está em 11,25% ao ano, após um aumento de 0,5 ponto percentual na última reunião, em 5 e 6 de novembro, levando a taxa de volta ao patamar de janeiro.

Na ata divulgada, o Copom destacou que a política monetária deverá ser ajustada de acordo com o compromisso de trazer a inflação de volta à meta. “Uma deterioração adicional das expectativas pode levar a um prolongamento do ciclo de aperto de política monetária”, afirmou o documento. O Banco Central observou que a inflação de serviços e a pressão cambial são fatores de curto prazo que têm mantido a inflação acima do nível compatível com a meta.

A decisão de elevar a Selic recebeu críticas de setores empresariais e sindicais, como a Associação Paulista de Supermercados (Apas), a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e centrais sindicais, que argumentam que uma taxa de equilíbrio estaria em torno de 8,4% ao ano. As entidades consideram o aumento prejudicial à atividade econômica, principalmente no contexto de recuperação pós-pandemia.

O Copom também manifestou preocupação com o crescimento dos gastos públicos e a falta de credibilidade fiscal, fatores que vêm impactando o mercado e dificultando o controle inflacionário. Segundo o boletim Focus, as expectativas de inflação medida pelo IPCA para 2024 e 2025 estão em 4,6% e 4%, respectivamente.

“Uma política fiscal crível, embasada em regras previsíveis e transparência em seus resultados, é fundamental para a ancoragem das expectativas de inflação e a redução do prêmio de risco dos ativos financeiros,” ressaltou o Copom. O comitê defendeu uma postura fiscal e monetária contracíclica, com menos estímulos à atividade econômica, visando estabilidade de preços e condições para o crescimento sustentável a médio prazo.

O cenário internacional, especialmente nos Estados Unidos, também influencia as decisões do Copom. A incerteza sobre o ritmo de desinflação e desaceleração da economia norte-americana adiciona complexidade ao contexto econômico, particularmente se houver mudanças na política econômica do país, como novos estímulos fiscais ou restrições trabalhistas.

No cenário atual, o Copom projeta o dólar a R$ 5,75, enquanto o preço do petróleo segue a curva futura, com um aumento estimado de 2% ao ano. A bandeira tarifária de energia elétrica para dezembro de 2024 e 2025 foi prevista como “amarela”, uma medida que considera as variações dos custos de produção de energia.

“Dada a volatilidade das variáveis envolvidas, o comitê preferiu manter uma comunicação que prioriza o acompanhamento das condições econômicas ao longo do tempo, sem oferecer previsões definitivas para os próximos passos, mas reforçando seu compromisso com a convergência da inflação à meta,” concluiu o documento.