Documento usado por Marçal alegava falsamente que Boulos teria recebido atendimento por uso de drogas; candidato do PRTB critica rapidez da decisão
A Polícia Federal (PF) indiciou o candidato à prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal (PRTB), após ele ter divulgado um documento falso com o intuito de prejudicar o adversário Guilherme Boulos (PSOL) nas eleições deste ano. O laudo ilegítimo, compartilhado por Marçal nas redes sociais dois dias antes do primeiro turno, afirmava que Boulos havia recebido atendimento médico por uso de drogas ilícitas. Esse ataque não foi isolado: em agosto, durante debate transmitido pela Band, Marçal sugeriu que Boulos teria relação com o uso de entorpecentes, fazendo um gesto com as mãos que simulava alguém cheirando cocaína.
Em nota, Marçal questionou a rapidez do indiciamento, sugerindo que foi alvo de um julgamento moral acelerado por suas posições de direita. “A velocidade desse indiciamento, realizado em apenas 34 dias após o ocorrido, é inédita e calculada para prejudicar candidatos de direita”, declarou. Ele reafirmou sua confiança na Justiça e manifestou otimismo: “Acredito que, em breve, seremos declarados inocentes”.
Boulos, por sua vez, classificou o indiciamento como uma “primeira resposta às fake news” que marcaram a disputa eleitoral. Ele ainda defendeu que a Justiça aja com rigor contra o que descreveu como “uso criminoso da máquina pública” pelo prefeito Ricardo Nunes e pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que associou o candidato do PSOL à facção criminosa PCC em uma aparição de campanha.
O caso atraiu críticas também de figuras políticas nacionais. O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e o advogado-geral da União, Jorge Messias, se manifestaram, condenando as ações de Tarcísio. Messias reforçou a necessidade de garantir a integridade do processo eleitoral, afirmando que as atitudes do governador “não podem ser ignoradas pelas autoridades competentes”.
Nas urnas, os três candidatos lideraram a disputa: Ricardo Nunes obteve 29,48% dos votos, Boulos recebeu 29,07%, e Marçal, 28,14%, em uma acirrada corrida pela prefeitura da capital paulista, conforme dados do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo.