Região Sudeste concentra quase metade dos moradores em favelas; IBGE aponta crescimento devido a novos mapeamentos
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou, nesta sexta-feira (8), que 16,39 milhões de brasileiros residem em favelas, o equivalente a 8,1% da população total de 203 milhões. O levantamento, parte do Censo 2022, identificou 12.348 comunidades em 656 municípios. Até o censo de 2010, esses locais eram chamados de “aglomerados subnormais”.
Segundo o IBGE, o aumento se deve principalmente a avanços tecnológicos que permitiram mapear áreas que antes não eram incluídas, e não necessariamente a um aumento demográfico. A analista do IBGE Letícia Giannella explicou que essa expansão decorre da “melhoria do mapeamento e da classificação dessas áreas”.
Distribuição Geográfica e Fenômeno Urbano
A região Sudeste concentra 43,4% dos moradores em favelas, com 7,1 milhões de pessoas, sendo o estado de São Paulo o líder, com 3,6 milhões de habitantes em comunidades. Em termos proporcionais, o Amazonas tem a maior taxa, com 34,7% da população estadual vivendo em favelas.
O fenômeno das favelas é especialmente urbano: em 26 grandes áreas metropolitanas, 16,2% da população reside em comunidades. Belém e Manaus lideram com as maiores concentrações (57,1% e 55,8%, respectivamente), enquanto São Paulo e Rio de Janeiro têm 14,3% e 14,8% de moradores em favelas.
Infraestrutura e Condições de Moradia
O Censo mostrou que as favelas brasileiras somam 6,56 milhões de domicílios, com uma média de 2,9 pessoas por residência, levemente acima da média nacional. Em termos de infraestrutura, 89,3% das moradias possuem abastecimento de água, mas a coleta de lixo alcança apenas 76% dos domicílios, abaixo dos 83,1% da média nacional.
As favelas abrigam ainda 958 mil estabelecimentos, com predominância de comércio e serviços. Dentre eles, há 50,9 mil templos religiosos e 7,9 mil instituições de ensino. O estudo evidencia, portanto, um aumento no número de pessoas que vivem nessas áreas urbanas complexas e de vulnerabilidade social, com um número significativo de estabelecimentos de comércio e serviços e uma infraestrutura pública que ainda enfrenta desafios.