Nova descoberta sobre lápide mais antiga dos EUA

Cortesia de Marcus Key, Professor de Geociências de Dickinson College

 

Pesquisadores acreditam que lápide encontrada em Jamestown pertence a Sir George Yeardley, um dos primeiros líderes coloniais

 

 

 

Pesquisadores identificaram uma nova pista sobre a origem da lápide mais antiga conhecida nos Estados Unidos, localizada em Jamestown, Virgínia. O estudo, publicado em 4 de setembro no International Journal of Historical Archaeology, revela que a “Lápide do Cavaleiro”, datada de 1627 e decorada com gravuras de um cavaleiro e um escudo, foi esculpida com calcário contendo microfósseis europeus. A descoberta sugere que a pedra tenha sido exportada da Bélgica, país com tradição em lapidação e comércio de lápides.

“Essas pedras são pesadas, e os custos de transporte eram muito altos na época, o que aponta para uma pessoa extremamente rica e com desejo de deixar um memorial duradouro,” explicou o autor do estudo, Marcus Key, professor do Dickinson College, na Pensilvânia.

Os indícios históricos e arqueológicos levam os especialistas a acreditar que a lápide pertence a Sir George Yeardley, antigo governador da colônia e um dos primeiros proprietários de escravos na América. Nomeado cavaleiro em 1618, sua posição de destaque e fortuna justificariam um memorial imponente, raro para o período, já que os túmulos coloniais de Jamestown, do início do século 17, eram tradicionalmente não marcados.

Em 1901, a lápide, que mede cerca de 1,8 metros de comprimento e pesa quase 454 quilos, foi encontrada na entrada de uma igreja construída sobre a igreja original. Em 2018, uma escavação no presbitério da segunda igreja de Jamestown revelou restos humanos que podem pertencer a Yeardley, com base na localização e nas características do sepultamento.

Segundo Mary Anna Hartley, arqueóloga sênior do projeto Jamestown Rediscovered, “adquirir essa lápide teria sido um empreendimento caríssimo, inacessível à maioria dos colonos da época.” Ela destacou ainda que Jamestown, fundada como o primeiro assentamento inglês na América, era um importante ponto de contato entre europeus, povos nativos e africanos, o que contribuiu para moldar a cultura americana.

A análise de DNA dos ossos e dentes dos restos mortais está em andamento e os pesquisadores esperam resultados mais concretos até o próximo verão, o que pode finalmente confirmar a identidade de um dos personagens mais influentes dos primórdios dos Estados Unidos.