Avanços tecnológicos trazem novas promessas com óculos de realidade mista, mas o conforto e o custo ainda são desafios para a popularização
Você já experimentou óculos de realidade virtual? Eles funcionam como portais que transportam o usuário para mundos digitais, desconectando-o do ambiente ao redor. Apesar de parecer tecnologia recente, os primeiros protótipos surgiram nos anos 60 e 70, e só nos últimos anos é que esses óculos começaram a ganhar espaço. Mesmo assim, a experiência, muitas vezes limitada a jogos e ambientes de simulação, não conseguiu se tornar popular no cotidiano.
Isso acontece porque a ideia de vestir um equipamento volumoso que nos desconecta do mundo real ainda soa estranha para muitos. Como resultado, esses aparelhos acabam sendo considerados itens de luxo e usados esporadicamente, tornando difícil o avanço de uma indústria que promete um impacto significativo.
Com os avanços dos chips e sensores, a realidade mista surgiu como uma evolução interessante. Ao contrário da realidade virtual, a realidade mista permite que o usuário enxergue o ambiente ao seu redor, com sobreposição de elementos digitais. “Imagine abrir um aplicativo de games na parede do quarto ou ver um vídeo no YouTube projetado sobre a mesa da sala – tudo como se esses itens virtuais fossem reais”, explicam especialistas no setor. É essa tecnologia que sustenta os óculos de realidade mista líderes de mercado atualmente, como o Apple Vision Pro e o Meta Quest.
Lançado em fevereiro deste ano, o Vision Pro tem tecnologia e usabilidade avançadas, mas seu preço de US$ 3.500 (quase R$ 20 mil) mantém o produto longe de grande parte dos consumidores. Enquanto isso, o Meta Quest oferece uma versão de entrada por US$ 299, mas, mesmo com o preço acessível, a adoção em massa ainda é limitada. A barreira está no próprio design: o dispositivo é grande, e a experiência de uso, embora inovadora, não substitui o conforto de interações sem um aparelho no rosto.
Mesmo assim, grandes nomes da tecnologia vislumbram um futuro de realidade mista em que o acesso a universos digitais aconteça de maneira mais intuitiva e natural. Em setembro, o fundador da Meta, Mark Zuckerberg, apresentou o Orion, um protótipo de óculos de realidade mista com aparência de óculos convencionais, oferecendo uma experiência integrada e confortável. “A tecnologia já existe, mas é ainda muito cara. Em breve, componentes menores e mais baratos vão tornar esse tipo de produto acessível e realmente popular”, ressaltou Zuckerberg no evento.
A popularização desses óculos, por sua vez, pode mudar radicalmente o consumo de itens físicos. Em um futuro próximo, será possível imaginar lares minimalistas, com quadros e decorações apenas visíveis através dos óculos. Televisões e outros aparelhos físicos podem ser substituídos por grandes projeções virtuais que os óculos criam em qualquer ambiente.
O mercado está atento às oportunidades de negócios que surgirão com esse tipo de tecnologia. No entanto, enquanto o desenvolvimento não atinge um nível de conforto e custo adequado para o público em geral, o futuro da realidade mista permanece como uma promessa revolucionária em fase de ajuste.