A cidade de São Paulo enfrenta o desafio de implementar uma gestão integrada, na qual prefeito, secretarias e subprefeituras atuem em conjunto para priorizar o bem-estar dos cidadãos. Especialistas ouvidos pela Agência Brasil apontam que a fragmentação e o uso político de cargos nas subprefeituras dificultam a aproximação da administração com a população e a solução de problemas urbanos de forma abrangente.
Para o arquiteto e urbanista Cid Blanco, a tendência de cada setor operar isoladamente, sem uma visão coletiva do território, prejudica a cidade. “É mais comum deixar cada um fazer o que quiser e trabalhar individualmente do que colocar todos para pensar na cidade como um todo, com o cidadão em primeiro lugar”, afirma. Essa falta de integração contrasta com exemplos de sucesso em outras cidades, como Zurique, onde 25% das propriedades são geridas de forma cooperativa, modelo que poderia inspirar soluções em São Paulo, segundo Fernando Túlio, professor da ETH Zurique.
O modelo atual de subprefeituras, idealizado na década de 1990 para descentralizar a gestão e resolver problemas locais, perdeu força devido ao loteamento político, critica Jorge Abrahão, coordenador-geral do Instituto Cidades Sustentáveis. Ele aponta que essas unidades têm focado apenas em serviços de zeladoria, como poda de árvores e reparos, em vez de realmente envolver a população nas decisões administrativas.
A falta de integração na gestão da capital e a escassez de participação popular agravam a desigualdade entre o centro e as periferias. Fernando Túlio ressalta que o modelo atual perpetua um padrão histórico de investimentos desiguais, beneficiando áreas centrais e privilegiando o transporte individual. Para ele, além de revisar o planejamento urbano, é essencial redesenhar a gestão municipal para combater a segregação urbana e melhorar a qualidade de vida de todos os paulistanos.