Indústria e serviços desaceleram pelo segundo mês consecutivo, mas consumo das famílias segue em alta
A economia brasileira registrou um recuo de 0,2% em agosto de 2024, em comparação com o mês anterior, segundo dados divulgados pelo Monitor do PIB-FGV nesta terça-feira (15). Apesar da queda mensal, a atividade econômica cresceu 3,4% em relação a agosto de 2023 e 4,1% no trimestre móvel encerrado no mesmo mês. No acumulado dos últimos 12 meses até julho, o crescimento ficou em 2,8%.
De acordo com Juliana Trece, coordenadora da pesquisa, a retração observada em agosto foi influenciada pela estagnação da indústria e pela queda no setor de serviços, enquanto a agropecuária foi a única grande atividade econômica a mostrar evolução no período.
No lado da demanda, houve avanços em diversos componentes, mas a queda de 2,5% nas exportações — principalmente de produtos agropecuários e da mineração — contribuiu para a retração do PIB no mês.
Exportações em queda, consumo em alta
Segundo o estudo, as exportações líquidas tiveram um impacto negativo significativo no resultado de agosto, após uma forte contribuição positiva no desempenho do ano anterior. A menor contribuição do setor agropecuário e da mineração ao longo do trimestre foi a mais baixa desde fevereiro de 2023, prejudicando os resultados gerais.
Por outro lado, o consumo das famílias mostrou crescimento em diversas categorias, especialmente no setor de serviços, que liderou o desempenho no trimestre encerrado em agosto. Produtos não duráveis e duráveis também tiveram contribuições expressivas.
Investimentos e importações em alta
A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) avançou de forma significativa, com destaque para o setor de máquinas e equipamentos, que tem mantido crescimento positivo desde o segundo trimestre de 2024, em parte devido à base de comparação baixa de 2023. A construção e outros segmentos da FBCF também tiveram impacto positivo, embora menor.
As importações, por sua vez, registraram alta em todas as categorias, com ênfase nos bens intermediários, seguidos por bens de consumo, serviços e bens de capital.
Monitor do PIB-FGV e estimativas
O Monitor do PIB-FGV estimou que, em valores correntes, o PIB brasileiro acumulado até julho de 2024 atingiu R$ 7,570 trilhões. A taxa de investimento em agosto foi de 18,1%, acima das médias históricas desde 2000 e 2015.
O Monitor do PIB-FGV é uma ferramenta que fornece estimativas mensais do PIB brasileiro, utilizando a mesma metodologia das Contas Nacionais do IBGE, e incorpora dados atualizados das Contas Nacionais até o último trimestre disponível, somando cerca de 500 informações de volume e preço.