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Fiocruz lidera testes de vacina histórica contra hanseníase no Brasil

© Erasmo Salomão/MS

 

Aprovada pela Anvisa, vacina LepVax é candidata a ser a primeira proteção eficaz contra a hanseníase, com testes clínicos a serem realizados em humanos no país

 

 

O Instituto Oswaldo Cruz (IOC), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), foi escolhido para liderar um teste clínico crucial para o desenvolvimento de uma vacina contra a hanseníase, após aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) na última segunda-feira (14). Se os resultados forem positivos, o Brasil poderá contar com a primeira vacina gratuita contra a doença.

A vacina LepVax, desenvolvida pelo instituto norte-americano Access to Advanced Health Institute (AAHI), utiliza tecnologia de subunidade proteica e apresentou resultados promissores em testes pré-clínicos. A nova etapa, que envolve 54 voluntários no Brasil, busca verificar a segurança e a imunogenicidade da vacina em um país que concentra 90% dos casos de hanseníase nas Américas.

Teste clínico no Brasil

Os testes em humanos já tiveram uma fase nos Estados Unidos, envolvendo 24 pessoas saudáveis, e confirmaram a segurança da vacina, sem eventos adversos graves. Agora, no Brasil, além de observar os efeitos em uma população que convive com a transmissão da hanseníase, os pesquisadores esperam avaliar como o contato prévio com micobactérias pode influenciar na resposta imunológica dos participantes.

Roberta Olmo, chefe do Laboratório de Hanseníase do IOC/Fiocruz, destacou a importância da pesquisa no avanço das metas de eliminação da hanseníase. “A LepVax surge como uma vacina profilática e terapêutica, que poderá contribuir para o controle da doença”, afirmou.

O teste será conduzido com três grupos de voluntários, que receberão três doses da vacina, com intervalos de 28 dias. Além de testar diferentes dosagens, a pesquisa incluirá um grupo controle que receberá placebo. Os voluntários serão acompanhados por um ano para avaliação de reações adversas e resposta imunológica.

Impacto no combate à hanseníase

A hanseníase continua sendo uma das doenças negligenciadas no Brasil. Entre 2014 e 2023, o país registrou quase 245 mil novos casos. Em 2023, foram 22.773 novas infecções, segundo o Ministério da Saúde. A criação de uma vacina eficaz poderia ser um passo decisivo para reduzir esses números e atingir as metas do governo de interromper a transmissão em 99% dos municípios até 2030.

O projeto é financiado por diversas entidades, incluindo a American Leprosy Missions e o fundo japonês GHIT Fund. Bio-Manguinhos/Fiocruz é o patrocinador do ensaio clínico, com a Fundação de Saúde Sasakawa, do Japão, também como parceira da pesquisa.

Se bem-sucedida, a vacina pode se tornar um marco na luta global contra a hanseníase, ampliando a proteção para milhares de pessoas que ainda convivem com a doença.

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