Estudo aponta que maioria das jovens com câncer de mama inicial pode engravidar

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A maioria das mulheres jovens diagnosticadas com câncer de mama em estágio inicial tem grandes chances de engravidar após o tratamento, segundo um estudo apresentado no congresso da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (Asco), realizado em junho, nos Estados Unidos. A pesquisa, que acompanhou pacientes por mais de dez anos, é considerada um marco na avaliação da fertilidade em mulheres com menos de 40 anos e tumores não metastáticos.

Dos 1.213 casos analisados, 197 mulheres tentaram engravidar após o tratamento e 73% delas conseguiram. Dessas, 65% deram à luz um bebê vivo. Embora apenas 28% das pacientes tenham optado por técnicas de preservação da fertilidade, como o congelamento de óvulos ou embriões, as chances de sucesso foram maiores para essas mulheres e para as mais jovens.

Impacto do tratamento na fertilidade

Os tratamentos contra o câncer de mama podem prejudicar a fertilidade, principalmente devido à quimioterapia, que pode suprimir a função ovariana e induzir menopausa precoce. Além disso, em tumores receptores hormonais positivos, as terapias para reduzir os hormônios que alimentam o câncer também podem provocar falência ovariana.

A oncologista Patrícia Taranto, do Hospital Israelita Albert Einstein, destaca que, embora seja possível engravidar sem preservar a fertilidade, as chances aumentam com o congelamento de óvulos ou embriões. “Com o congelamento prévio, as chances são maiores caso a menopausa precoce ocorra devido ao tratamento”, explica.

A importância da orientação precoce

O estudo reforça a necessidade de aconselhamento e preservação da fertilidade desde o início do diagnóstico. Além de oferecer maior segurança às pacientes, essas medidas permitem que elas possam planejar uma gestação futura sem comprometer a eficácia do tratamento.

“É fundamental que as pacientes tenham acesso tanto ao apoio emocional quanto às orientações sobre preservação de fertilidade assim que recebem o diagnóstico, para se prevenir e programar o congelamento de óvulos ou embriões, independentemente do tipo de tumor”, frisam os autores do estudo.

Preservação sem impacto na saúde

Os procedimentos de preservação de fertilidade não aumentam o risco de recidiva do câncer nem interferem na agressividade da doença. “Hoje é possível realizar esses processos de forma mais rápida, sem atrasar o início do tratamento oncológico”, conclui Taranto.

A pesquisa traz esperança para pacientes jovens com câncer de mama em estágio inicial, ao mostrar que é viável conciliar o tratamento da doença com o desejo de gestar e construir uma família após a recuperação.