
Estudo da UFF aponta aumento de candidatos afro-religiosos em reação à violência contra terreiros e conflitos religiosos no Brasil
Das 463.386 candidaturas registradas para as Eleições Municipais de 2024, 8.731 possuem viés religioso, e apenas 284 delas (3,3%) estão associadas a religiões de matriz africana. O dado é fruto de um estudo realizado pelo grupo de pesquisa Ginga, da Universidade Federal Fluminense (UFF), que revisou informações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e perfis de candidatos nas redes sociais e em sites de notícias.
De acordo com Ana Paula Mendes Miranda, coordenadora do Ginga, o aumento dessas candidaturas reflete a reação à crescente violência contra terreiros. “Percebemos que essas candidaturas estão ligadas à luta por direitos, não pautas conservadoras, como aborto ou gênero, comuns entre candidatos católicos e evangélicos”, destacou a pesquisadora.
Em um contexto de intensificação de conflitos religiosos, o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) registrou 2.124 casos de intolerância religiosa em 2023, um aumento de 80% em relação ao ano anterior. Reagindo a esse cenário, mais religiosos de matriz africana estão buscando participação política, apesar da resistência tradicional à vida pública.