Morre Cid Moreira, ícone do jornalismo brasileiro

(crédito: Reprodução/Instagram @ocidmoreira)

 

 

Apresentador do Jornal Nacional faleceu por insuficiência renal crônica após internação por pneumonia no Rio de Janeiro

O jornalista e locutor Cid Moreira, uma das figuras mais marcantes da televisão brasileira, morreu nesta quinta-feira (03), aos 97 anos, no Rio de Janeiro. Internado há algumas semanas no Hospital Santa Tereza, em Petrópolis, para tratar uma pneumonia, Moreira não resistiu e faleceu por insuficiência renal crônica.

Com uma carreira que se estendeu por mais de sete décadas, Cid Moreira tornou-se o rosto mais conhecido do Jornal Nacional, da Rede Globo, sendo o primeiro a comandar o telejornal que se consolidou como o de maior audiência no país. Ele apresentou o noticiário aproximadamente oito mil vezes, marcando gerações com sua voz grave e inconfundível.

Em nota, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamentou a morte do apresentador. “Com tristeza, o Brasil se despede hoje de uma das personalidades mais emblemáticas da história do nosso jornalismo e televisão. Meus sentimentos aos familiares, amigos, colegas e admiradores de Cid Moreira. Seu legado no jornalismo e na televisão brasileira será eternamente lembrado”, declarou Lula.

Trajetória histórica

Nascido em Taubaté, no interior de São Paulo, em 1927, Cid Moreira iniciou sua carreira no rádio aos 17 anos, trabalhando na Rádio Difusora de sua cidade. Ao se mudar para São Paulo, passou por emissoras importantes como a Rádio Bandeirantes e Propago Publicidade. No Rio de Janeiro, em 1951, foi locutor da Rádio Mayrink Veiga e começou a gravar comerciais ao vivo para a TV Rio.

Sua estreia oficial como locutor de notícias foi em 1963, à frente do Jornal de Vanguarda na TV Rio. A consagração veio em 1969, durante a ditadura militar, quando se tornou o primeiro apresentador do Jornal Nacional ao lado de Hilton Gomes. Nesse mesmo ano, Moreira leu ao vivo a carta da Ação de Libertação Nacional (ALN) e do Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8), que reivindicava o sequestro do embaixador dos Estados Unidos, Charles Burke Elbrick, em troca da libertação de presos políticos.

Cid Moreira permaneceu na bancada do Jornal Nacional por 26 anos, consolidando seu nome como o maior apresentador da história do telejornalismo brasileiro. Ao longo da carreira, também participou de diversos projetos paralelos, como o Fantástico, onde ficou famoso com o quadro do ilusionista Mr. M.

Vida além do jornalismo

Além da atuação jornalística, Cid Moreira se destacou na gravação de textos religiosos, lançando gravações de salmos bíblicos a partir dos anos 1990 e, em 2011, a íntegra da Bíblia, ambos com grande sucesso. Em 2010, sua biografia “Boa Noite – Cid Moreira, a Grande Voz da Comunicação do Brasil” foi lançada, escrita por sua esposa, Fátima Sampaio Moreira.

A voz que por décadas anunciou as notícias mais importantes do país agora se cala, deixando um legado inestimável para o jornalismo e a comunicação no Brasil.