Pesquisadores brasileiros criam estratégia inovadora para combater insetos transmissores de doenças

 

Técnica que utiliza os próprios mosquitos para espalhar larvicida reduz em até 30% os casos de dengue em áreas urbanas.

 

Pesquisadores brasileiros desenvolvem estratégia inovadora para o combate aos insetos transmissores de arboviroses, como o Aedes aegypti, responsável pela transmissão da dengue, zika e chikungunya. A técnica, chamada de Estação Disseminadora de Larvicida (EDL), utiliza os próprios mosquitos para espalhar larvicida nos criadouros, reduzindo a proliferação das larvas.

O estudo, conduzido pelo Instituto Leônidas e Maria Deane (Fiocruz Amazônia) e pelo Instituto René Rachou (Fiocruz Minas), em parceria com a Secretaria de Saúde de Belo Horizonte, implementou cerca de 2.500 EDLs em nove bairros da cidade ao longo de dois anos. O método mostrou uma redução significativa de 29% nos casos de dengue nos bairros atendidos e 21% em áreas vizinhas.

A técnica consiste em atrair os mosquitos para potes plásticos com água, revestidos com tecido preto embebido em larvicida em pó. Ao pousarem no local, o pó adere aos insetos, que transportam a substância para outros criadouros, atingindo suas larvas. Sérgio Luz, pesquisador da Fiocruz Amazônia, explica que o larvicida age impedindo que as larvas se desenvolvam até a fase adulta, ajudando a controlar a população do Aedes aegypti.

Após os primeiros resultados em Manaus, a técnica foi testada em outras cidades, como Belo Horizonte e Brasília, com resultados igualmente promissores. A pesquisa foi publicada na The Lancet Infectious Diseases e chamou a atenção do Ministério da Saúde, que anunciou a inclusão da EDL em suas políticas de combate ao mosquito. O objetivo agora é expandir o uso dessa estratégia em áreas urbanas periféricas, que apresentam alta incidência de arboviroses.

No entanto, Luz alerta que o controle do Aedes aegypti também depende da colaboração da população, que deve evitar o acúmulo de água em suas casas, onde os mosquitos costumam se reproduzir. Segundo o Painel de Monitoramento das Arboviroses do Ministério da Saúde, até setembro de 2024, foram registrados mais de 6,5 milhões de casos prováveis de dengue no Brasil, com 5.428 mortes, o que reforça a importância de novas abordagens para o controle da doença.