
Presidente brasileiro destaca desafios da governança global e cobra reformas no Conselho de Segurança e nas instituições internacionais
Durante a Cúpula do Futuro da Organização das Nações Unidas (ONU) neste domingo (22), em Nova York, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o Pacto para o Futuro, documento a ser assinado por líderes globais, oferece uma direção, mas carece de “ambição e ousadia” para enfrentar os problemas estruturais da governança mundial. Lula ressaltou a necessidade de transformações profundas para que a ONU cumpra seu papel de maneira eficaz.
Lula destacou crises globais, como a pandemia, conflitos armados e mudanças climáticas, como exemplos das limitações das instâncias multilaterais. Ele também criticou a ineficácia do Conselho de Segurança da ONU e lamentou a falta de avanços na reforma do sistema nos últimos 20 anos. Segundo ele, o atual modelo não representa adequadamente o Sul Global, excluindo países em desenvolvimento das decisões mais importantes.
Pacto do Futuro e governança digital
Entre os avanços discutidos na Cúpula, Lula elogiou temas como o tratamento da dívida dos países em desenvolvimento, a criação de uma instância de diálogo com líderes financeiros internacionais e o progresso em direção a uma governança digital inclusiva. Entretanto, ele destacou que a ONU ainda precisa de maior ambição para lidar com os desafios emergentes, como a inteligência artificial e as assimetrias econômicas baseadas em dados.
O presidente brasileiro defendeu também a criação de uma aliança global contra a fome e a pobreza durante a presidência do G20 pelo Brasil, visando acelerar os objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS). Ele alertou que, no ritmo atual, apenas 17% das metas da Agenda 2030 serão atingidas a tempo, e reafirmou o compromisso do Brasil em colaborar com a ONU para avanços na ação climática.
Direitos humanos e desafios globais
No discurso, Lula destacou a responsabilidade global em não retroceder nos direitos humanos e na promoção da paz. Ele enfatizou a importância de combater a fome e as desigualdades, além de alertar contra a ameaça de retrocessos nas agendas de igualdade de gênero e combate ao racismo. Ao final, o presidente reforçou que o maior legado possível para as futuras gerações é uma governança capaz de enfrentar de forma eficaz os desafios do presente e os que virão.
Na terça-feira (24), Lula fará o tradicional discurso de abertura da Assembleia Geral da ONU, continuando a tradição brasileira de inaugurar o debate geral do evento.