Anatel identifica falha no bloqueio da rede social X

© André Luís Pires de Carvalho

 

A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) informou, nesta quinta-feira (19), que detectou o mecanismo responsável por permitir o acesso à rede social X, mesmo após a suspensão imposta pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A falha ocorreu após a plataforma realizar uma atualização operacional que trocou o endereço eletrônico bloqueado e passou a hospedá-lo nos servidores da empresa norte-americana Cloudflare, especializada em segurança de sites.

De acordo com a Anatel, o novo mecanismo utilizado pela rede social X dificultou a ação dos bloqueios aplicados por empresas de telecomunicação, já que a nova estrutura compartilha endereços IP com serviços legítimos, como bancos e grandes plataformas de internet. Essa mudança tornou o bloqueio mais desafiador, permitindo que usuários acessassem o X sem a necessidade de utilizar redes privadas virtuais (VPNs), comumente empregadas para burlar restrições.

“A conduta da rede X demonstra uma tentativa deliberada de descumprir a ordem do STF”, afirmou a Anatel em nota, acrescentando que já estão sendo tomadas medidas para garantir o cumprimento da decisão judicial. Segundo o órgão regulador, a suspensão foi ordenada pelo ministro Alexandre de Moraes devido à recusa da rede social em atender decisões judiciais, nomear representantes no Brasil e bloquear perfis envolvidos em atividades criminosas.

A Anatel, em conjunto com prestadoras de telecomunicações e a Cloudflare, trabalha para reestabelecer o bloqueio da plataforma. Caso ocorram novas tentativas de burlar a suspensão, o órgão promete tomar “as providências cabíveis” para assegurar a eficácia das ordens judiciais.

A rede social X, controlada pelo empresário Elon Musk, tem enfrentado diversos atritos com autoridades de diferentes países, incluindo Brasil, União Europeia e Austrália. Enquanto Musk adota uma postura de defesa irrestrita da liberdade de expressão em algumas regiões, como o Brasil, a plataforma tem acatado decisões judiciais de suspensão em países como Índia e Turquia.

A decisão de suspender o X foi ratificada pela 1ª Turma do STF, e a empresa está sendo investigada no inquérito das milícias digitais, que apura a organização de ataques contra o STF e o sistema eleitoral brasileiro nas redes sociais.