Estudo revela que incêndios na região liberaram 31,5 milhões de toneladas de CO² na atmosfera, quase o total emitido pela Noruega em um ano
As queimadas na Amazônia entre junho e agosto deste ano resultaram em uma emissão de gases do efeito estufa 60% maior que no mesmo período de 2023, segundo dados divulgados pelo Observatório do Clima. Ao todo, foram emitidas 31,5 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO²) equivalente, um valor próximo ao total anual da Noruega, que libera 32,5 milhões de toneladas.
Ane Alencar, diretora científica do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), destacou que esses números ainda não incluem as queimadas de setembro, considerado o pior mês para incêndios na floresta. Do total de 2,4 milhões de hectares queimados, 700 mil eram florestas, cuja queima resultou na emissão de 12,7 milhões de toneladas de CO² equivalente.
Além disso, o levantamento alerta para as emissões tardias, que podem ocorrer por anos devido à decomposição da matéria orgânica queimada, adicionando de 2 a 4 milhões de toneladas de CO² equivalente na próxima década. “Quando a floresta queima, ela fica mais suscetível a novos incêndios, e as emissões se intensificam”, explica Ane.
Marcos Freitas, do Instituto Virtual de Mudanças Globais, alerta que a alta concentração de biomassa na Amazônia contribui para emissões mais elevadas, ampliando a preocupação com o impacto do desmatamento e a redução da evapotranspiração, que agrava as secas.
Essas emissões agravam o efeito estufa, que aquece a atmosfera ao aprisionar o calor solar. Embora gases como metano e óxido nitroso tenham maior capacidade de reter calor que o CO², todos contribuem para elevar a temperatura global, mesmo representando menos de 0,1% da atmosfera.
Os incêndios são um obstáculo aos esforços do Brasil de reduzir suas emissões, e especialistas pedem que essas queimadas sejam incluídas nos inventários de gases do efeito estufa, uma medida que pode ajudar a pressionar pela preservação ambiental.
