Mercados financeiros respiram aliviados à espera de decisões sobre juros no Brasil e EUA

 

Dólar cai para R$ 5,51, e bolsa de valores fecha em alta, com investidores atentos às reuniões do Federal Reserve e Copom

 

Nesta segunda-feira (16), o mercado financeiro brasileiro experimentou um dia de alívio, refletindo a expectativa dos investidores quanto às decisões sobre os juros básicos tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil. O dólar comercial registrou queda significativa de 1,03%, sendo vendido a R$ 5,51, o menor valor em 20 dias. A moeda norte-americana chegou a abrir em leve alta, mas inverteu o movimento após a abertura dos mercados nos EUA, encerrando o dia em baixa. Com essa performance, o dólar acumula queda de 2,18% em setembro, embora ainda registre alta de 13,54% em 2024.

O mercado de ações também teve um dia positivo, embora marcado pela volatilidade. O índice Ibovespa, principal indicador da Bolsa de Valores brasileira (B3), oscilou durante as negociações, mas recuperou-se no fim do dia, fechando com uma leve alta de 0,18%, aos 135.118 pontos. Esse movimento marca a superação dos 135 mil pontos, refletindo a confiança dos investidores na expectativa de ajustes de política monetária.

A semana promete ser decisiva para os rumos dos mercados, tanto no Brasil quanto no exterior. Na próxima quarta-feira (18), o Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, e o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central brasileiro divulgarão suas decisões sobre as taxas de juros. Nos EUA, espera-se que o Fed anuncie a primeira redução de juros desde 2020, com a expectativa de que o corte seja de 0,25 ou 0,5 ponto percentual. Essa possível diminuição seria vista como uma resposta ao arrefecimento da inflação no país e ao desempenho econômico moderado, o que pode impulsionar ainda mais os ativos de risco e favorecer o mercado global.

No Brasil, no entanto, o cenário é diferente. A previsão é de que o Copom promova a primeira elevação da taxa Selic em dois anos, com um possível aumento de 0,25 ponto percentual. A decisão está em linha com o cenário de inflação local ainda pressionada, que exige medidas para controlar o aumento dos preços. O boletim Focus, divulgado semanalmente pelo Banco Central e que compila as expectativas de instituições financeiras, já havia apontado essa possível elevação, o que mantém o mercado em alerta para o impacto dessa decisão no curto e médio prazo.

Sem a divulgação de dados econômicos relevantes no início da semana, a expectativa em torno dessas decisões tem sido o principal fator de influência sobre o comportamento dos mercados. O alívio momentâneo no câmbio e a leve alta da bolsa refletem a postura mais cautelosa dos investidores, que preferem esperar por definições mais claras antes de fazer movimentos mais significativos. Ao mesmo tempo, a queda do dólar também pode ser explicada pela melhora no apetite por risco global, já que a redução dos juros nos EUA tende a favorecer economias emergentes, como o Brasil.

As decisões de quarta-feira serão cruciais para definir o rumo dos mercados nos próximos meses. Um corte mais acentuado nos juros americanos pode elevar o fluxo de capital para os mercados emergentes, favorecendo a queda do dólar e potencialmente impulsionando a bolsa de valores no Brasil. Por outro lado, um aumento da Selic pode fortalecer o real ao atrair investidores em busca de maiores retornos, mas também pode desacelerar o crescimento econômico, tornando o ambiente doméstico mais desafiador.