O impacto das redes sociais na saúde mental de jovens

© Tânia Rêgo/Agência Brasil

 

Enquanto alguns estudantes optam por evitar as redes, estudos revelam uma preocupante relação entre uso excessivo da internet e transtornos mentais como depressão e ansiedade

 

 

A estudante de jornalismo Milena Dias, de Brasília, escolheu seguir um caminho diferente de muitos de seus colegas: ela não utiliza redes sociais. “Não sinto falta de postar fotos minhas, [ou] de ver as postagens dos outros. [É] um mundo separado da realidade”, afirma. Em contraste, Maria Eduarda Nestali, estudante de nutrição, considera as redes sociais importantes, mas ressalta que é criteriosa com o conteúdo que consome.

Esses diferentes pontos de vista refletem uma preocupação crescente entre especialistas: o impacto das redes sociais e do uso excessivo da internet na saúde mental, especialmente entre os jovens. Um estudo recente da professora Irena Penha Duprat, da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal), revelou que 51% dos estudantes universitários avaliados apresentaram algum grau de dependência de internet, com 12,5% desses jovens demonstrando sinais de ideação suicida.

Segundo Duprat, o uso da internet muitas vezes serve como uma fuga de problemas como depressão, ansiedade e estresse, agravando os quadros de dependência e de saúde mental. A pesquisa destaca ainda que, entre as mulheres, a exposição constante a padrões irreais de beleza em redes como Instagram e Facebook pode desencadear sentimentos de inferioridade e baixa autoestima, contribuindo para o aumento de pensamentos suicidas.

Apesar dos riscos, especialistas como a psicóloga Karen Scavacini, do Instituto Vita Alere, defendem que a tecnologia pode ser uma aliada na promoção da saúde mental, desde que utilizada de maneira consciente e responsável. Aplicativos e plataformas online têm oferecido novas formas de tratamento, apoio e educação sobre questões de saúde mental, além de promover grupos de pertencimento e apoio emocional.

A chave, segundo especialistas, está na moderação e na conscientização do uso da internet, especialmente entre os jovens universitários, que enfrentam pressões acadêmicas e pessoais. Algumas universidades, como a UFF Campos, têm implementado projetos para apoiar a saúde mental de seus alunos, oferecendo espaços de diálogo e suporte psicológico.

Embora a internet ofereça muitas oportunidades, é fundamental que seu uso seja equilibrado para evitar os danos à saúde mental que o uso excessivo pode causar.