Lula Lança Rede Alyne para Transformar Cuidados Maternos e Reduzir Mortalidade

© Ricardo Stuckert/PR

 

Nova estrutura substitui a Rede Cegonha com foco em atendimento humanizado e redução das desigualdades étnico-raciais; investimentos de R$ 1,4 bilhão estão previstos para 2024 e 2025.

Nesta quinta-feira (12), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou a Rede Alyne, um programa que reformula a antiga Rede Cegonha, voltado ao cuidado de gestantes e bebês na rede pública de saúde. O novo modelo tem como meta reduzir a mortalidade materna geral em 25% até 2027 e em 50% para mulheres pretas, que apresentaram uma taxa de mortalidade materna em 2022 quase o dobro da média nacional.

O lançamento ocorreu em Belford Roxo, no Rio de Janeiro, onde Lula fez um discurso emocionado sobre a perda de sua primeira esposa e filho em 1971, destacando a falta de cuidado que acredita ter contribuído para suas mortes. “A morte durante o parto foi resultado de descaso. Pessoas pobres e negras muitas vezes são tratadas como se fossem de terceira categoria”, afirmou o presidente, sublinhando a necessidade de um atendimento respeitoso e humanizado para todos.

A Rede Alyne homenageia Alyne Pimentel, que morreu grávida devido à falta de atendimento adequado em 2002. Sua morte levou o Brasil a ser condenado internacionalmente pelo Comitê para Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra Mulheres (Cedaw) da ONU, com recomendações para reduzir a mortalidade materna e assegurar o direito a uma maternidade segura.

Entre as inovações da Rede Alyne estão a integração entre a maternidade e a Saúde da Família, e o fortalecimento do Complexo Regulatório do SUS com equipes especializadas em obstetrícia. O Ministério da Saúde planeja investir R$ 400 milhões em 2024 e R$ 1 bilhão em 2025, com um novo modelo de financiamento para diminuir desigualdades regionais e raciais. O repasse para estados e municípios para exames de pré-natal será triplicado, e novos testes serão incorporados à rede.

Além disso, o governo pretende construir 36 novas maternidades e 30 centros de Parto Normal com um investimento de R$ 4,85 bilhões. O programa também inclui a expansão dos bancos de leite e o incentivo ao Método Canguru, que demonstrou impacto positivo na saúde neonatal. Em 2024, a Caderneta da Gestante será disponibilizada eletronicamente através do aplicativo “Meu SUS Digital”, facilitando o acesso e integração dos dados das gestantes.

Com esses esforços, a Rede Alyne visa não apenas melhorar a qualidade do atendimento materno e infantil, mas também promover uma abordagem mais equitativa e humanizada no Sistema Único de Saúde (SUS).