Relator no Conselho de Ética vota pela continuidade de processo contra Glauber Braga

© Lula Marques/ Agência Brasi

 

Deputado do PSOL critica relator e presidente da Câmara após parecer preliminar e promete denunciar suposto conluio

 

 

 

O deputado Paulo Magalhães (PSD/BA), relator do processo que investiga o deputado Glauber Braga (PSOL/RJ) no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, votou pela continuidade das investigações. O relatório preliminar foi lido nesta quarta-feira (28), mas a votação foi adiada devido a um pedido de vista.

Braga, que esperava o arquivamento do processo, reagiu com indignação ao saber da decisão. O deputado acusou o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP/AL), de articular um plano para cassar seu mandato no Conselho de Ética. Braga enfrenta um processo por quebra de decoro após empurrar e expulsar um militante do Movimento Brasil Livre (MBL) da Câmara, em resposta a insultos.

Após a leitura do parecer, que recomenda a abertura da investigação, Braga chamou Lira de “bandido” e acusou Magalhães de ser “mentiroso”, afirmando que usará sua defesa para expor um suposto conluio para cassar seu mandato. “Vocês montaram uma armação política para levar adiante um processo de cassação ou suspensão”, declarou Braga.

O caso estava previsto para ser analisado na terça-feira (27), mas foi adiado para hoje. Coincidentemente, nesta quarta-feira, o Conselho de Ética aprovou o pedido de cassação do deputado Chiquinho Brazão (Sem partido/RJ), acusado de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco. Esse parecer ainda precisa ser votado no plenário da Câmara.

Em nota, Arthur Lira repudiou os ataques, destacando que xingamentos e ofensas são incompatíveis com o decoro parlamentar. “Merecem pronta repulsa episódios como o ocorrido hoje, por parte de parlamentar que já responde a outro processo perante o Conselho de Ética”, afirmou Lira.

Durante a sessão, o presidente do Conselho de Ética, deputado Leur Lomanto Júnior (União/BA), defendeu o andamento dos trabalhos e ameaçou cortar o microfone de Braga após um bate-boca. Lomanto negou qualquer armação contra o deputado e pediu respeito ao conselho.

O relator Paulo Magalhães também negou as acusações de Braga, afirmando que não houve articulação com Lira e que nunca prometeu o arquivamento do processo. “Deputado, a sua defesa lhe incrimina. E não faço conluio com ninguém”, disse Magalhães, reforçando que não busca a cassação do parlamentar, mas que Braga “merece” ser investigado.