Ministério da Saúde alerta sobre riscos à saúde devido à fumaça de incêndios

Foto de Marcus Woodbridge na Unsplash

 

Em meio ao segundo dia consecutivo de forte nevoeiro em diversas regiões do Brasil, causado pela fumaça de incêndios que ocorrem no Norte e Sudeste do país, o Ministério da Saúde emitiu orientações para que a população evite ao máximo a exposição ao ar livre e a prática de atividades físicas. A recomendação é especialmente direcionada a grupos mais vulneráveis, como crianças, idosos e pessoas com doenças pré-existentes, como hipertensão e diabetes.

Agnes Soares, diretora do Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador, destacou que esses grupos reagem de forma mais rápida e intensa à contaminação por fumaça, o que eleva o risco de complicações. “Em caso de necessidade extrema de circular em ambientes abertos, é fundamental utilizar alguma forma de proteção, como máscaras e bandanas de tecido”, afirmou Agnes durante coletiva de imprensa nesta segunda-feira (26).

Sintomas e cuidados

Os sintomas mais comuns da exposição à fumaça incluem ardência nos olhos, irritação na garganta e sensação de fechamento da laringe. Em casos mais graves, que podem indicar comprometimento pulmonar, pode haver chiado no peito, típico de condições como bronquite. Pessoas com maior sensibilidade devem considerar o uso de máscaras capazes de filtrar partículas finas do ar.

Agnes também alertou que a maioria dos problemas de saúde relacionados à fumaça envolvem doenças respiratórias. No entanto, indivíduos com problemas cardíacos e hipertensão correm um risco aumentado de infarto e acidente vascular cerebral (AVC) nos dias seguintes ao início dos incêndios. “Se o episódio [de dispersão da fumaça] durar de três a quatro dias, pode ser mais sério para a população”, alertou.

Impacto nas escolas e orientações

Questionada sobre a manutenção das aulas em áreas afetadas pela fumaça, Agnes Soares explicou que não há uma regulamentação específica sobre o tema. A recomendação é que as autoridades locais considerem o risco aumentado de doenças respiratórias, especialmente em episódios prolongados, ao decidir sobre a continuidade das aulas. A secretária lembrou que a baixa umidade relativa do ar, comum nesses cenários, já afeta o desempenho dos estudantes e causa desconforto geral, tornando necessário avaliar caso a caso, podendo incluir a redução de atividades físicas ou até o fechamento das escolas.

Aumento de atendimentos médicos

Embora não haja monitoramento em tempo real dos casos de doenças respiratórias ligados à exposição à fumaça, já há relatos de aumento de atendimentos nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e serviços de emergência, principalmente nas alas de pediatria.

Para as crianças, é essencial evitar a exposição prolongada à fumaça e garantir a disponibilidade de medicamentos controlados, além de promover uma hidratação adequada para manter as mucosas úmidas. “Não é hora de brincar, de andar de bicicleta, de pular corda. Para os idosos, a mesma questão: não é o momento de sair pra fazer atividades que não sejam estritamente necessárias. Se precisar sair, use proteção, como máscaras e bandanas, para reduzir o contato com partículas nas vias respiratórias”, concluiu Agnes Soares.